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Síria retira de seu território armas químicas declaradas

Após meses de atraso, as últimas armas químicas de Damasco declaradas à comunidade internacional finalmente deixaram o país

Armas Químicas: últimas armas declaradas à comunidade internacional foram retiradas de Damasco (Lars Magne Hovtun / AFP)

Armas Químicas: últimas armas declaradas à comunidade internacional foram retiradas de Damasco (Lars Magne Hovtun / AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2014 às 08h56.

Haia - As últimas armas químicas de Damasco declaradas à comunidade internacional finalmente deixaram a Síria nesta segunda-feira após meses de atraso, anunciou a Organização para a Proibição de Armas Químicas.

"Neste momento, o barco (que transporta as armas químicas) acaba de sair do porto de Latakia", declarou o diretor executivo da OPAQ, Ahmet Uzumcu, falando à imprensa em Haia.

"O escoamento dos estoques de precursores e outros produtos químicos era uma exigência fundamental do programa para eliminar as armas químicas da Síria", acrescentou a mesma fonte.

A Síria já havia se desfeito de cerca de 92% das 1.300 toneladas de armas químicas que declarou sob um acordo russo-americano endossado pela ONU e que previa a destruição de todo o arsenal químico sírio até 30 de junho.

Após vários meses de atraso, os 8% restantes deixaram o porto de Latakia nesta segunda-feira em um navio dinamarquês que deve transportar os produtos mais perigosos até um navio americano especialmente concebido para realizar a sua destruição.

Os produtos tóxicos restantes estão em um mesmo local, onde foram armazenados há várias semanas, mas não podiam ser retirados por razões de segurança, segundo as autoridades sírias.

"A situação de segurança mudou e o governo sírio decidiu agir", declarou Ahmet Uzumcu.

O governo sírio confirmou por sua vez o transporte do material, enquanto Sigrid Kaag, a coordenadora da missão ONU-OPAQ encarregada do processo, elogiou o fim "do trabalho mais perigoso em termos de segurança no contexto da retirada de armas químicas da Síria".

"Esperamos que nossa contribuição represente algo de significativo para o povo sírio e a região", declarou em um comunicado.

A Rússia, principal aliada do presidente Bashar Al-Assad, saudou nesta segunda-feira "com grande satisfação o fim bem-sucedido da operação internacional, inédita e em grande escala, de retirada de todos os componentes das armas químicas da Síria", indicou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado.

"No espírito de uma parceria estratégica, as forças navais russas e chinesas, em cooperação com navios militares dinamarqueses e noruegueses, garantiram nestes últimos seis meses a segurança da fase marítima da operação de retirada das armas químicas tóxicas do porto sírio de Latakia", indicou o comunicado do ministério, acrescentando que, com isso, cerca de 1.200 toneladas de armas tinham sido transportadas.

A Síria aderiu à Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas em outubro de 2013 como parte de um acordo entre os Estados Unidos e a Rússia, que evitou uma intervenção militar americana após Damasco ser acusado de usar gás sarin em um ataque que provocou mais de 1.400 mortes.

A guerra civil na Síria já matou mais de 150.000 pessoas desde março de 2011, e a violência não dá sinais de trégua.

A destruição das armas químicas se dará após vários meses de atraso no acordo. Assim, será impossível cumprir o prazo de 30 para que as armas químicas da Síria sejam eliminadas.

O processo de destruição por hidrólise a bordo do navio americano, o Cape Ray, não pode começar até que todas as armas químicas estejam a bordo.

"A destruição no Cape Ray deverá durar até 60 dias, e a maioria dos produtos químicos serão destruídos nos próximos quatro meses" na Finlândia, Estados Unidos e Reino Unido, segunco Uzumcu.

Apesar do anúncio desta segunda-feira, a questão das armas químicas na Síria está longe de ser concluída.

"Esperamos esclarecer em breve certos aspectos da declaração síria e iniciar a destruição de certas estruturas usadas para produzir armas químicas", declarou Uzumcu.

O regime do presidente Bashar al-Assad e os rebeldes se acusam mutuamente de continuar a utilizar agentes químicos no conflito, apesar da promessa de Damasco sobre a destruição de seu arsenal químico.

Os resultados preliminares de uma investigação da OPAQ na Síria apontam que armas químicas como o cloro podem estar sendo utilizadas "sistematicamente".

O status do cloro como uma arma química é ambíguo. Ele pode ser usado como uma arma, mas é, antes de tudo, um agente industrial amplamente utilizado.

A sua classificação como uma arma química no âmbito da Convenção Internacional não é necessária, e, portanto, a Síria não tinha a obrigação de informar a comunidade internacional.

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