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Síria quer entregar armas aos palestinos contra EI

O regime sírio disse que está disposto a fornecer armas às organizações palestinas para que expulsem o grupo Estado Islâmico do campo de refugiados de Yarmuk


	Homem caminha pelo campo de refugiados palestinos de Yarmuk, situado em Damasco
 (Youssef Karwashan/AFP)

Homem caminha pelo campo de refugiados palestinos de Yarmuk, situado em Damasco (Youssef Karwashan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2015 às 20h17.

O regime sírio disse nesta terça-feira que está disposto a fornecer armas às organizações palestinas para que expulsem o grupo Estado Islâmico (EI) do campo de refugiados de Yarmuk, no sul de Damasco, onde a situação humanitária piora a cada dia.

Uma delegação palestina viajou à capital síria para negociar a ajuda ao campo de refugiados, segundo uma fonte palestina em Ramallah.

Os combates cessaram em Yarmuk nesta terça-feira, mas o regime de Bashar al Assad segue lançando barris com explosivos sobre o campo.

O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, recebeu uma delegação liderada por Ahmed Majdalani, dirigente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), para discutir como proteger os habitantes de Yarmuk.

"Exceto por uma intervenção direta do Exército, as autoridades sírias estão dispostas a apoiar com todos os meios, incluindo os militares, os combatentes palestinos", disse à AFP Anuar Abdel Hadi, representante da OLP em Damasco, ao final do encontro.

Citado pela agência oficial Sana, Moqdad destacou "a determinação da Síria e da OLP para combater o terrorismo, incluindo nos campos de refugiados palestinos, especialmente em Yarmuk", e acrescentou que o "governo em Damasco já forneceu ajuda humanitária e médica aos irmãos palestinos".

Majdalani explicou à AFP que as 14 organizações palestinas na Síria devem obter um consenso com o governo sírio para devolver a segurança a Yarmuk.

Mas a maioria das organizações palestinas é hostil ao regime de Bashar al Assad.

O EI obteve a rendição de parte das forças palestinas dentro de Yarmuk. No momento, os jihadistas controlam boa parte do campo, cercado pelo Exército do regime e a apenas 8 km do centro de Damasco.

A degradação da situação humanitária levou o Conselho de Segurança da ONU a exigir o acesso ao campo de Yarmuk, do qual os palestinos fogem apavorados com a chegada dos jihadistas do EI.

O Conselho de Segurança, integrado por 15 países, fez um apelo para a "proteção dos civis no campo e para assegurar o acesso humanitário à área, fornecer assistência e salvar vidas", disse a embaixadora Dina Kawar, da Jordânia, país que preside o organismo em abril.

"O Conselho está pronto para considerar as medidas adicionais que poderiam ser adotadas com o objetivo de fornecer proteção e assistência necessárias aos palestinos de Yarmuk".

Escassez total

O Conselho de Segurança foi informado sobre a situação em Yarmuk pelo Comissário Geral da UNRWA (Agência da ONU para os Refugiados Palestinos), Pierre Krähenbühl.

Em uma videoconferência na Jordânia, Krähenbühl destacou uma "situação humanitária totalmente catastrófica".

"Os moradores sobrevivem com apenas 400 calorias diárias", disse.

O grupo EI lançou na semana passada uma ofensiva com a ajuda da Frente Al-Nosra, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Yarmuk, o maior campo de refugiados palestinos da Síria, abrigou antes da guerra 160.000 pessoas, mas atualmente restam apenas 18.000.

Os habitantes sofrem com escassez de comida, água e medicamentos, consequência de um cerco praticamente total imposto há mais de um ano pelo regime sírio.

Um acordo permitiu no ano passado uma leve flexibilização do cerco, mas o acesso humanitário continuou limitado.

Na semana passada, milhares de residentes conseguiram fugir e buscar refúgio no bairro Tadamun de Damasco, sob controle das forças governamentais.

Os refugiados afirmaram que suportaram o cerco e os bombardeios, mas que não conseguiriam enfrentar o avanço do Estado Islâmico.

"Saí do campo", afirmou Um Usama, de 40 anos de idade, que morava no local há 17 anos.

"Teria permanecido, apesar dos bombardeios e da fome, mas a chegada do Daesh (acrônimo em árabe do Estado Islâmico) significa destruição e matanças", disse Usama.

A Síria vive uma guerra civil há quatro anos, com a participação de vários grupos jihadistas que lutam não apenas contra o regime sírio, mas também contra outros rebeldes moderados.

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