Repórter
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 10h10.
A influenza A H3N2, subclado K — apelidada de “Gripe K” — acendeu o alerta das autoridades de saúde após provocar um aumento expressivo de internações no Reino Unido e se espalhar por países da Europa e da Ásia.
O primeiro caso confirmado na América Latina foi registrado no México, no dia 12, segundo autoridades sanitárias locais. Canadá e Estados Unidos também já relataram ocorrências da variante.
Diante do avanço do vírus, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta para um possível aumento da circulação da influenza e de outros vírus respiratórios nos próximos meses nas Américas.
A influenza é classificada nos tipos A, B, C e D. O tipo A é considerado o mais grave e está associado a epidemias sazonais mais intensas. O subtipo H3N2 surgiu em 1968, em Hong Kong, e desde então circula globalmente, sendo frequentemente ligado a surtos mais severos do que os causados pelo H1N1 e pela influenza B.
As subvariantes mais recentes pertencem ao subclado K, que hoje circula principalmente na Europa. No Reino Unido, foram registrados 156 casos entre 25 de agosto e 20 de outubro, período em que hospitais relataram forte aumento nas internações e algumas escolas chegaram a suspender atividades para conter a transmissão.
Os sintomas da influenza A H3N2, incluindo o subclado K, são semelhantes aos de outras gripes, mas podem evoluir com maior gravidade, especialmente em idosos e pessoas com comorbidades. Entre os sinais mais frequentes estão:
Especialistas alertam que casos mais graves podem levar a complicações respiratórias e necessidade de hospitalização.
De acordo com a Opas, até a semana epidemiológica 45 houve aumento global da influenza, com crescimento de 29% nos casos de infecção respiratória aguda grave (IRAG) e de 5% nos casos de doença tipo influenza (DTI) em relação ao mesmo período de 2024.
Na América do Norte, Estados Unidos e Canadá concentram a maior circulação do H3N2 e já registram crescimento progressivo do subclado K. Ao longo do ano, a região contabilizou 51.690 casos de todas as variantes do H3N2, sendo 32.868 nos EUA e 14.613 no Canadá.
O México confirmou em 12 de dezembro o primeiro caso do subclado K na América Latina. Segundo a Secretaria de Saúde, o paciente respondeu bem ao tratamento antiviral e já se recuperou. As autoridades reforçaram a recomendação de vacinação contra a influenza, uso de máscara e isolamento em caso de teste positivo.
Na América do Sul, ainda não há registros do subclado K, mas foram notificados 10.156 casos de outras variantes do H3N2. O Brasil lidera, com 6.563 ocorrências, seguido por Colômbia, Chile, Peru e Equador.
No Reino Unido, um surto atribuído a uma mutação do vírus H3N2 do subclado K provocou uma temporada de gripe mais intensa e precoce. O número de internações aumentou 56% em relação ao mesmo período do ano anterior e é dez vezes maior que em 2023, segundo o jornal Daily Mirror.
Hospitais enfrentam o que autoridades classificam como uma “onda de supergripe sem precedentes”, com mais de 2 mil leitos ocupados e cerca de 70 pacientes em estado crítico.
Diante do cenário, o uso de máscara voltou a ser altamente recomendado em locais públicos e obrigatório em hospitais. Especialistas também orientam evitar aglomerações. A pressão sobre o sistema de saúde pode aumentar ainda mais com a greve de médicos residentes prevista para 17 de dezembro.
Apesar da rápida disseminação, dados preliminares indicam que as vacinas atuais seguem oferecendo proteção contra hospitalizações, com eficácia estimada entre 70% e 75% em crianças e entre 30% e 40% em adultos. No Reino Unido, mais de 17 milhões de doses já foram distribuídas nesta temporada.
A Opas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam reforçar a vigilância epidemiológica, manter alta cobertura vacinal e preparar os sistemas de saúde para uma possível sobrecarga. A orientação é que, especialmente idosos, gestantes, pessoas com doenças crônicas e profissionais da saúde busquem a vacinação e procurem atendimento médico ao apresentar sintomas gripais.