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Serviços públicos portugueses sentem impacto de greve

Serviços como coleta de lixo, escolas e hospitais sentiram nesta sexta-feira a greve de funcionários


	Greve em Portugal: protesto setorial é uma resposta ao cortes salariais progressivos que variam de 2,5% a 12% para os funcionários que ganham mais de 600 euro brutos por mês
 (REUTERS/Jose Manuel Ribeiro)

Greve em Portugal: protesto setorial é uma resposta ao cortes salariais progressivos que variam de 2,5% a 12% para os funcionários que ganham mais de 600 euro brutos por mês (REUTERS/Jose Manuel Ribeiro)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2013 às 16h32.

Lisboa - Serviços como coleta de lixo, escolas e hospitais sentiram nesta sexta-feira a greve de funcionários convocada pelos principais sindicatos de Portugal contra os cortes salariais incluídos nos Orçamentos de 2014.

Os 570 mil trabalhadores do setor público (local, regional e administração central) convocaram a greve cujo impacto ainda não foi sentido pelo governo conservador, mas de acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP), calculou uma adesão superior ao 70%.

De acordo com relatos sindicais e da imprensa portuguesa, várias escolas no país tiveram que fechar, algumas operações nos hospitais foram adiadas e o lixo se acumulou em várias localidades do país.

O protesto setorial é uma resposta ao cortes salariais progressivos que variam de 2,5% a 12% para os funcionários que ganham mais de 600 euro brutos por mês.

Com esta economia, o governo espera diminuir o déficit em mais 1,5 ponto, até os 4% em 2014, como exige Bruxelas.

Jorge Nobre dos Santos, coordenador da Frente Sindical da Administração Pública -pertencente à socialista UGT, segundo maior sindicato do país, declarou à Agência EFE que o apoio à greve setorial de hoje foi "relativamente elevado".

O sindicalista denunciou o empobrecimento dos funcionários (cerca de 10% da população ativa do país) nos últimos anos, desde quando começaram a sofrer sucessivos cortes, apartir da solicitação de Portugal à UE e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo internacional, em maio de 2011.


Segundo Nobre dos Santos, as prefeituras, escritórios da seguridade social, tribunais e universidades registraram problemas em seu funcionamento, assim como os serviços de transporte administrados pelo poder local, como os de Coimbra (centro), Braga (norte) e Barreiro (sul de Lisboa).

Representa "uma clara demonstração ao governo que os funcionários lutarão contra os cortes salariais", alertou o sindicalista, que comentou que recorrerá aos tribunais europeus ou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) se for necessário.

Os novos e polêmicos cortes salariais aprovados pelo governo português afetarão cerca de 320 mil funcionários públicos que até agora não tinham sofrido as reduções salariais anteriores, antes reservadas só para remunerações superiores a 1.500 euros.

O respaldo à greve só não foi maior porque muitos trabalhadores públicos não estão em condições de prescindir do salário equivalente a um dia de trabalho.

"Trabalharam, mas deixaram claro que eram solidários à greve", ressaltou Nobre dos Santos, enquanto lembrou que há funcionários que têm filhos desempregados, já que a taxa lusa de desocupação em Portugal está em 15,6%.

Para o dirigente da Frente Sindical da Administração Pública, ano que vem a situação de emergência familiar "vai se complicar" se entrarem em vigor os Orçamentos de 2014, que ainda devem se submeter a uma segunda votação no parlamento antes de ser sancionado ou não pelo presidente português, Aníbal Cavaco Silva.

O líder sindical da majoritária Confederação Geral de Trabalhadores de Portugal (CGTP, Armênio Carlos, celebrou o êxito da greve e avisou que os funcionários "estão sendo maltratados pelo governo todos os dias".

Entre as medidas já aprovadas pelo Executivo conservador para reduzir o peso do conjunto de funcionários, destaca o aumento de cinco horas a mais de trabalho por semana (de 35 a 40 horas) sem receber por isso.

António José Seguro, o líder dos socialistas, principal oposição ao governo, se mostrou solidário com os motivos da greve, já que os trabalhadores "têm fortes motivos" para se manifestarem, considerou.

Nas últimas duas semanas, Portugal sofreu outras interrupções setoriais como a organizada pelos transportes públicos de Lisboa e Porto, que hoje, no entanto, funcionaram normalmente. 

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