No dia 2 de março, Valcke afirmou que o Brasil precisava se dar "um chute no traseiro" para acelerar os preparativos para a Copa de 2014 (Harold Cunningham/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2012 às 15h31.
Brasília - Uma comissão do Senado brasileiro rejeitou nesta terça-feira a presença do secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, na audiência prevista para o dia 11 de abril, que deveria marcar a volta do dirigente ao país pela primeira vez depois de suas declarações polêmicas sobre a organização da Copa do Mundo de 2014.
"A audiência pública com a Comissão de Educação, Cultura e Esporte foi cancelada", declarou à AFP Júlio Linhares, secretário da comissão.
"A Comissão enviará uma carta à Fifa pedindo para que o encontro seja realizado com o presidente Joseph Blatter, como estava previsto e não com Valcke", completou.
O presidente desta comissão, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), usou termos muito duros para expressar sua rejeição à visita do dirigente para discutir a respeito dos trâmites da aprovação da Lei Geral da Copa.
"Não aceitamos o porteiro da Fifa. O requerimento aprovado foi para receber o Blatter, não esse bedel da Fifa. Se depender de mim, ele receberá um pontapé em suas redondas abundâncias" disse ao portal G1.
No dia 2 de março, Valcke afirmou que o Brasil precisava se dar "um chute no traseiro" para acelerar os preparativos para a Copa de 2014.
Após ter pedido num primeiro momento para que o secretário-geral perdesse o papel de interlocutor com o governo, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, acabou encerrando a controvérsia ao aceitar o pedido de desculpas oficial da Fifa.
As relações entre o Brasil e a entidade pareciam ter voltado a ter um tom de cordialidade após o encontro entre Blatter e a presidente Dilma Rousseff, no dia 16 de março.
A 800 dias do início da Copa de 2014, a Lei Geral da Copa foi aprovada pela Câmara dos Deputados, mas ainda deve ser votada pelo Senado e receber a sanção presidencial para suspender o artigo do 'Estatuto do Torcedor', que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa das Confederações e o Mundial do ano seguinte.
A liberação da venda de bebidas alcoólicas foi um compromisso assumido pelo governo brasileiro em 2007 quando a organização da Copa foi concedida ao país, cumprindo exigências da Fifa, que tem como patrocinador uma marca de cerveja.
O governo assegurou que a suspensão deste artigo do 'Estatuto do Torcedor' bastava para satisfazer essas exigências.
Porém, de acordo com alguns legisladores, o fato de não constar no texto uma autorização explícita para a venda de bebidas alcoólicas em estádios significa que a Fifa terá que negociar com cada estado que recebe partidas da competição nos quais a venda de cerveja é proibida em arenas esportivas.