Parlamento francês aprova lei especial para garantir funcionamento do Estado (Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 21h43.
Última atualização em 16 de dezembro de 2024 às 21h43.
Os deputados franceses aprovaram, nesta segunda-feira, 16, uma "lei especial" que autoriza o governo a cobrar impostos e se endividar no mercado para financiar o Estado. A medida foi necessária porque não há orçamento para 2025, após a queda do primeiro-ministro conservador Michel Barnier.
A Assembleia Nacional, câmara baixa do Parlamento francês, aprovou por unanimidade a lei, que permitirá a cobrança de impostos com base nos critérios do orçamento de 2024. Para entrar em vigor, o Senado precisará aprová-la na próxima quarta-feira.
A França enfrenta uma crise política em meio a um contexto econômico delicado. O país apresenta elevados níveis de déficit e dívida pública em comparação com outros membros da zona do euro. O orçamento de Barnier previa redução de gastos públicos, mas sua queda interrompeu o processo.
A nomeação do novo premiê, o centrista François Bayrou, provocou reações no mercado. A agência Moody's rebaixou a classificação de crédito da França para Aa3, com perspectiva estável, mencionando uma "fragmentação política".
Além disso, o Banco da França reduziu em 0,3 ponto percentual sua previsão de crescimento do PIB para 2025, estimando apenas 0,9% de expansão econômica. A "incerteza nacional e internacional" foi apontada como principal fator para a revisão.
O presidente Emmanuel Macron mergulhou o país em uma crise ao convocar, de forma inesperada, eleições legislativas antecipadas em junho. O resultado foi uma Assembleia Nacional dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita.
O governo de Barnier caiu em apenas três meses, após perder apoio da líder ultradireitista Marine Le Pen, que votou a favor de uma moção de censura apresentada pela oposição de esquerda. A decisão também interrompeu o processo de aprovação dos orçamentos de 2025.
Caso a "lei especial" seja aprovada pelo Senado, o governo terá autorização para determinar, por decreto, o nível de gasto público "indispensável" para manter a administração funcionando. Contudo, a lei impede um aumento significativo das despesas.
O novo governo de François Bayrou, que ainda não anunciou seus ministros, terá a responsabilidade de apresentar um novo projeto de orçamento nas próximas semanas para resolver o impasse.