Secretário-geral da ONU pede cessar-fogo 'imediato' em Gaza
A violência disparou nesta fronteira, assim como na Cisjordânia ocupada, onde o Exército e a polícia israelenses detiveram vários estudantes em uma incursão na noite passada na universidade Al Najah, em Nablus
Agência de notícias
Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 17h01.
Última atualização em 15 de janeiro de 2024 às 17h43.
O secretário-geral da ONU, António Guterres , pediu, nesta segunda-feira, 15,um cessar-fogo "imediato" em Gaza, a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas e a entrada de ajuda "suficiente" para os habitantes do território, quando o conflito entre Israel e o movimento islamista palestino completa 100 dias.
"Precisamos de um cessar-fogo humanitário imediato" em Gaza para garantir que "ajuda suficiente chegue aonde se necessita" e para "apagar as chamas de uma guerra mais ampla porque quanto mais se prolongar o conflito em Gaza, maior será o risco de escalada e erro de cálculo", disse Guterres em uma declaração à imprensa em Nova York.
"É meu dever transmitir esta mensagem simples e direta a todas as partes: parem de brincar com fogo do outro lado da Linha Azul, desescalem e ponham fim às hostilidades", disse, em alusão à fronteira israelense-libanesa, antes de lembrar "que não podemos ver no Líbano o que estamos vendo em Gaza".
Situação de emergência humanitária
A violência disparou nesta fronteira, assim como na Cisjordânia ocupada, onde o Exército e a polícia israelenses detiveram vários estudantes em uma incursão na noite passada na universidade Al Najah, em Nablus, segundo fontes israelenses e palestinas.
De acordo com dados do Hamas, que governa o território palestino, mais de 24 mil pessoas morreram desde o início do conflito com Israel, em 7 de outubro.
"Nada pode justificar o castigo coletivo aos palestinos", lembrou Guterres, para quem um cessar-fogo facilitaria a libertação dos reféns israelenses nas mãos do Hamas. O secretário-geral da ONU voltou a condenar os atentados "horríveis" de 7 de outubro, que desencadearam a resposta militar israelense.
Alertou ainda que a "situação humanitária é indescritível: não há ninguém, nem lugar seguro" em Gaza, que viveu o maior deslocamento de palestinos desde 1948, segundo o braço da ONU para os refugiados palestinos (UNWRA, na sigla em inglês).
"A longa sombra da fome se lança sobre a população de Gaza, juntamente com doenças, desnutrição e ameaças à saúde", disse, antes de se declarar "profundamente preocupado" com as claras "violações do direito humanitário internacional que estamos presenciando".
Os "bombardeios intensos, generalizados e contínuos" no território, os entraves na fronteira com o Egito à entrada de caminhões com ajuda humanitária e os "impedimentos" à distribuição dentro do pequeno território agravam o problema, lembrou.
"Não podemos permitir que continue o que está ocorrendo em Gaza" concluiu Guterres.