Secretário de Estado dos EUA alerta sobre crise no Líbano
Tillerson chamou Hariri, que anunciou sua renúncia como premier em 4 de novembro a partir da Arábia Saudita, de "forte aliado" de Washington
AFP
Publicado em 10 de novembro de 2017 às 16h35.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, pediu nesta sexta-feira (10) que não se use o Líbano para um conflito de interesses, após a crise provocada pela renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri.
Tillerson chamou Hariri, que anunciou sua renúncia em 4 de novembro a partir da Arábia Saudita, de "forte aliado" de Washington.
"Os Estados Unidos instam todas as partes, dentro e fora do Líbano, a não usarem esse país como campo de um conflito de interesses, ou contribuir para a instabilidade local", acrescentou o secretário de Estado.
Hariri surpreendeu ao anunciar sua saída, denunciando o "controle" no Líbano por parte do Hezbollah xiita, membro de seu governo, mas também aliado do Irã.
Nesta sexta, o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, acusou a Arábia Saudita de ter "detido" Hariri.
Hoje, mais cedo, durante sua viagem pela Ásia, Tillerson disse aos jornalistas ter recebido a "garantia" das autoridades sauditas de que Hariri "teria tomado sozinho sua decisão" de renunciar ao cargo. O secretário americano afirmou ainda não ter "qualquer indício" de que ele estivesse sendo mantido na Arábia Saudita contra sua vontade.
Tillerson manifestou, porém, sua preocupação com os efeitos que sua renúncia possa ter na estabilidade do governo libanês, composto de cristãos e muçulmanos sunitas e xiitas.
O secretário alegou que essa estrutura serviu para manter uma certa calma e paz no Líbano, e que, se esse balanço for afetado, a situação pode mudar.
"Os Estados Unidos apoiam totalmente a soberania e a independência da República do Líbano e de suas instituições políticas" e se opõe "a qualquer ação que possa ameaçar a estabilidade", frisou Tillerson em um comunicado divulgado nesta sexta.
Em uma mensagem que parece dirigida principalmente ao Irã e ao Hezbollah, o chefe da diplomacia americana advertiu que "não há um lugar legítimo no Líbano para qualquer força, milícia, ou elementos armados estrangeiros, que não sejam os das forças de segurança legítimas do Estado libanês, que devem ser reconhecidas como a única autoridade na segurança do Líbano".
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou hoje que um novo conflito no Líbano teria "consequências devastadoras" e disse estar envolvido em "intensos" contatos com todas as partes para buscar uma distensão da situação.
A renúncia de Hariri parece abrir uma nova escalada na luta de poder entre Riad e Teerã, as duas potências regionais com interesses opostos no Líbano, assim como no Iêmen e na Síria.