Sarkozy será julgado por corrupção e tráfico de influência
Caso foi iniciado depois que investigadores usaram grampos telefônicos para investigar o financiamento da campanha do ex-presidente
Reuters
Publicado em 29 de março de 2018 às 11h46.
Última atualização em 29 de março de 2018 às 13h46.
Paris - O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy será julgado por acusações de que teria usado sua influência para obter acesso a detalhes vazados de um inquérito sobre supostas irregularidades em sua campanha eleitoral de 2007, informou uma fonte com conhecimento da investigação nesta quinta-feira.
Advogados de Sarkozy disseram que o ex-presidente irá recorrer à decisão, inicialmente reportada pelo jornal francês Le Monde.
"Nicolas Sarkozy vai... esperar calmamente o resultado da moção por uma declaração de nulidade. Ele não tem dúvidas que mais uma vez a verdade triunfará", disseram seus advogados em um comunicado. Seu apelo será ouvido em 25 de junho.
O caso foi iniciado depois que investigadores usaram grampos telefônicos para apurar alegações de que o falecido líder líbio Muammar Gaddafi teria fornecido recursos à campanha de Sarkozy e começaram a suspeitar de que o ex-presidente estava acompanhando um outro caso através de uma rede de informantes.
A decisão foi tomada pouco mais de uma semana depois que Sarkozy foi informado de que estava sendo formalmente tratado como suspeito na investigação sobre a campanha eleitoral.
Sarkozy foi presidente da França de 2007 a 2012, mas foi derrotado pelo socialista François Hollande quando concorreu à reeleição. Desde então, ele tem enfrentado uma série de investigações sobre suposta corrupção, fraude, favoritismo e irregularidades no financiamento de campanhas.
Os advogados de Sarkozy haviam argumentado anteriormente que os juízes investigando o suposto financiamento secreto líbio excederam seus poderes gravando as conversas do ex-presidente com eles entre setembro de 2013 e março de 2014, violando o sigilo entre advogado e cliente.
Com base nas intercepções, Sarkozy está sendo acusado de ter discutido oferecer uma promoção a um procurador em troca de informações sobre uma investigação que apurava acusações de que o ex-tesoureiro de seu partido e outros teriam explorado a fragilidade mental da então mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, para conseguir doações políticas em dinheiro.