Itália: a Liga espera que as eleições legislativas sejam realizadas na segunda metade de outubro (Remo Casilli/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de agosto de 2019 às 10h49.
Última atualização em 9 de agosto de 2019 às 11h02.
Roma — O partido membro da coalizão governista italiana Liga apresentou uma moção de censura contra o primeiro-ministro Giuseppe Conte, nesta sexta-feira, em uma medida que o chefe da legenda de direita, Matteo Salvini, espera desencadear eleições antecipadas e instalá-lo como novo líder da nação.
Não está claro quando a moção será debatida, já que o Parlamento está no recesso de verão, mas Salvini quer que os parlamentares sejam chamados de volta a Roma para uma votação na semana que vem, dizendo que a coalizão se tornou inviável depois de meses de conflitos abertos.
"Um excesso de 'nãos' está prejudicando a Itália, que ao invés disso precisa voltar a crescer, e portanto ir às urnas rapidamente", disse a Liga em um comunicado um dia depois de Salvini encerrar a coalizão com o Movimento 5 Estrelas, uma legenda anti-establishment.
"Aqueles que perdem tempo estão prejudicando o país e só pensando em se ater aos seus cargos", acrescentou o partido.
O anúncio surpreendente de Salvini, que veio na esteira de um período de disputas públicas intensas entre os dois partidos, lança a terceira maior economia da zona do euro em uma incerteza política ainda maior bem na hora em que estava prestes a iniciar os preparativos para o orçamento de 2020.
Uma eleição poderia ser realizada já em outubro.
Os investidores reagiram liquidando ações e títulos do governo italiano nesta sexta-feira. Os rendimentos dos títulos de 10 anos atingiram uma alta de cinco semanas, sua maior elevação diária desde maio de 2018. O índice blue-chip italiano caiu 2,3%, e o tumulto ajudou a abalar ainda mais outros mercados de ações europeus.
Na quinta-feira, Salvini informou em um comunicado que disse ao premiê Conte, que não pertence a nenhum partido da coalizão, que a aliança com o 5 Estrelas desmoronou depois de pouco mais de um ano no poder e que "deveríamos devolver a escolha aos eleitores rapidamente". Ele disse que as reuniões de gabinete são assoladas por disputas.
O chefe de Estado, presidente Sergio Mattarella, é o único com poder para dissolver o Parlamento, mas pode tentar formar um novo governo com base na legislatura atual antes de recorrer a eleições.
Nesta sexta-feira, Salvini exortou os parlamentares a encurtarem suas férias de verão e voltarem ao Parlamento em Roma. "Não há nada que diga que não podemos fazer os parlamentares trabalharem no meio de agosto. Os parlamentares deveriam parar de ser folgados e trabalhar".