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Salvar o 'made in Germany', a missão urgente do chanceler Scholz

O tradicional motor da União Europeia (UE) deve ser o único grande país industrial a registrar uma recessão em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI)

Mas as eventuais soluções não têm unanimidade dentro da coalizão do chanceler alemão (Westend61/Getty Images)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 25 de agosto de 2023 às 13h26.

A Alemanha se tornou o novo "paciente doente" da Europa? O temor de um declínio econômico domina o debate na maior economia da Europa e pressiona o governo de Olaf Scholz.

O tradicional motor da União Europeia (UE) deve ser o único grande país industrial a registrar uma recessão em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) .

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Mas as eventuais soluções não têm unanimidade dentro da coalizão do chanceler alemão.

O que está errado?

A economia alemã está em crise. O país teve crescimento nulo entre abril e junho, após dois trimestres consecutivos de queda do PIB (-0,4% e -0,1% nos trimestres anteriores, respectivamente), segundo os dados definitivos publicados nesta sexta-feira.

Quando as exportações e a indústria tossem, a economia da Alemanha fica resfriada. Os dois pilares do "made in Germany" são particularmente sensíveis ao aumento de preços, às taxas de juros e às dificuldades da economia chinesa, principal sócio comercial da Alemanha.

"Quase 50% do nosso PIB procede das exportações. As exportações nos enriqueceram (...) mas quando a economia mundial perde força, a Alemanha sofre mais que os demais", declarou Robert Habeck, ministro da Economia, à revista Die Zeit.

Além disso, o país enfrenta o choque energético sofrido pelas empresas alemãs que compravam gás russo barato, substituído por fornecedores mais caros desde a invasão da Ucrânia.

O que o governo debate?

A coalizão de governo, formada por social-democratas, verdes (que comandam a pasta da Economia) e liberais (à frente do ministério das Finanças), demonstra divisões.

Habeck defende o congelamento até 2030 dos preços da energia elétrica para as indústrias de maior consumo, com subsídios aos gastos.

A medida, que teria custo de 20 bilhões de euros, teria o objetivo de manter a competitividade de alguns setores, enquanto o país desenvolve as energias solar e eólica.

"É impensável intervir diretamente no mercado distribuindo subsídios", respondeu Christian Lindner, ministro das Finanças, uma posição compartilhada por Scholz.

Lindner aposta em reduzir os impostos das empresas.

Porém, na semana passada, um pacote de cortes fiscais de 6 bilhões de euros foi bloqueado no conselho de ministros por iniciativa de uma ministra ecologista.

"A coalizão novamente próxima da ruptura! Que começo ruim após as férias de verão", criticou o jornal Bild.

O que os economistas aconselham?

"O problema da Alemanha não é conjuntura, e sim estrutural", afirmou Marcel Fratzscher, diretor do instituto econômico DIW Berlim.

"A Alemanha precisa de um "programa de transformação a longo prazo, com uma ofensiva de investimento, uma ampla desburocratização e um reforço dos sistemas sociais", explicou em uma análise.

A incerteza sobre o custo da energia a médio prazo, as regulamentações reforçadas, a falta de mão de obra qualificada e a lenta digitalização travam as empresas do país.

“Os cortes de impostos ou os programas tradicionais de estímulo não são as medidas acertadas para esta situação”, afirmou Sebastien Dullien, um economista de tendência social-democrata.

A situação é tão grave?

Diante das manchetes alarmistas, analistas tentam acalmar os ânimos.

"A Alemanha é como um um homem de 40 anos que teve sucesso durante muito tempo, mas que agora precisa de uma reorientação profissional", opina Clemens Fuest, do instituto econômico Ifo.

Difícil, mas não impossível, segundo Holer Schmieding, economista do banco Berenberg. Ao contrário do período 1995-2002, quando a Alemanha era o paciente doente da Europa, "muitas pessoas no governo e na oposição concordam hoje (...) sobre a necessidade de grandes mudanças".

Além disso, o país quase não registra desemprego.

Scholz rebate os discursos fatalistas. "Não devemos agravar o panorama e criar artificialmente uma crise", declarou, ao recordar que a gigante americana do setor de semicondutores Intel escolheu a Alemanha para um grande investimento.

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