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Rússia ataca portos da Ucrânia após explosão de ponte e fim do acordo de grãos

Megaestrutura que liga Rússia continental à península ocupada em 2014 foi parcialmente reaberta nesta terça-feira

Os ucranianos afirmam terem derrubado um total de 31 drones e interceptado seis mísseis Kalibr disparados do Mar Negro (Global Images Ukraine/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 18 de julho de 2023 às 08h23.

Última atualização em 18 de julho de 2023 às 08h56.

A Rússia disse ter realizado "ataques maciços" durante a madrugada desta terça-feira, 18, contra as cidades portuárias ucranianas de Odessa e Mykolayiv em "vingança" pelas explosões na véspera contra a importante ponte que liga à Península da Crimeia ao território continental russo.

Moscou também afirmou ter repelido drones ucranianos que tentaram atacar a região nas últimas horas, em um novo acirramento do conflito prestes a entrar no seu 18º mês.

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O vaivém de drones e mísseis ocorre também nas primeiras 24 horas após a Rússia decidir não prorrogar o acordo firmado no ano passado para garantir a exportação de grãos ucranianos — raro consenso que conteve a disparada da inflação global. A decisão aumenta o risco de insegurança alimentar, particularmente entre os países mais pobres.

Odessa eram das cidades por onde os grãos saíam, e junto com Mykolayiv foi alvo dos ataques russos, retaliação que o presidente Vladimir Putin já havia afirmado ser iminente na segunda. Os ucranianos afirmam terem derrubado um total de 31 drones e interceptado seis mísseis Kalibr disparados do Mar Negro.

Uma instalação industrial no sul de Mykolayiv foi atingida, e destroços de um dos mísseis abatidos danificaram infraestruturas portuárias em Odessa. "Infelizmente, os destroços dos mísseis abatidos e a onda expansiva da derrubada danificaram as infraestruturas portuárias e várias residências particulares", acrescenta a nota.

O Ministério da Defesa russo, por sua vez, disse que o "ataque maciço de vingança" mirou em "instalações onde atos terroristas contra a Federação Russa eram preparados usando barcos sem tripulantes, além de seu lugar de manufatura em um estaleiro perto da cidade de Odessa".

As forças russas, paralelamente, dizem ainda ter derrubado 28 drones ucranianos na Península da Crimeia, afirmou também o Ministério da Defesa. Em um comunicado, afirmaram que 17 dos artefatos foram "destruídos" e outros 11, "suprimidos" por interferência eletrônica. Não houve vítimas ou danos a infraestruturas civis, afirmaram.

Ataques mútuos

Os ataques mútuos vêm um dia após as explosões contra a ponte sobre o Estreito de Kerch, que foi parcialmente reaberta para veículos nesta terça, disse no Telegram o vice-primeiro ministro Marat Khusnullin. Segundo ele, a mão das pistas foi invertida, e os carros prosseguem pela pista mais à direita do megaprojeto inaugurado por Putin em 2018.

Construída a um custo equivalente a US$ 3,7 bilhões, a superestrutura tem na realidade duas pontes paralelas — uma com quatro pistas para carros e outra para uma ferrovia dupla — e é a construção mais longa de uso duplo na Europa. Os serviços de trem já haviam sido parcialmente retomados na segunda.

Quando foi erguida, foi promovida como um troféu na anexação da Crimeia quatro anos antes, após a queda do governo pró-Moscou em Kiev e um referendo sem reconhecimento internacional. Hoje, é a principal artéria para o Kremlin abastecer seus soldados no sul da Ucrânia. Há uma rota terrestre secundária, pela costa sul da Ucrânia, ocupada pelos russos, mas se trata de um caminho estreito e exposto.

Não à toa, é desde o início da guerra que eclodiu em 24 de fevereiro tida como um alvo esperado para os ucranianos, e já sofreu outros ataques. Em outubro do ano passado, um trecho da ponte foi derrubado após a explosão do que os russos afirmaram ser um caminhão-bomba, paralisando o tráfego por algumas horas. A rodovia foi completamente reaberta em fevereiro e a ferrovia, em maio.

Os ucranianos não assumiram a autoria do ataque de outubro ou do de quinta-feira, mantendo a política de ambiguidade sobre assaltos contra o território russo que virou praxe para Kiev. Veículos da imprensa local e fontes que conversaram anonimamente com jornais e revistas internacionais, contudo, afirmaram que a autoria foi responsabilidade do serviço de inteligência e da Marinha da Ucrânia.

Com Agência o Globo.

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