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Rússia realiza ataque maciço contra instalações energéticas ucranianas

De acordo com o Ministério da Defesa russo, "todos os ataques atingiram seu objetivo. Todos os alvos designados foram atingidos"

m Kiev, onde pelo menos cinco explosões foram ouvidas por jornalistas da AFP, "80% dos consumidores da capital" estão privados de água (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 31 de outubro de 2022 às 11h23.

Última atualização em 31 de outubro de 2022 às 11h38.

A Rússia lançou, na manhã desta segunda-feira (31), um ataque maciço a instalações energéticas em várias regiões da Ucrânia, privando 80% dos habitantes da capital Kiev de água e deixando "centenas de localidades" sem eletricidade.

De acordo com o Ministério da Defesa russo, "todos os ataques atingiram seu objetivo. Todos os alvos designados foram atingidos".

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Ao norte de Kiev, cerca de quinze soldados e policiais bloqueavam o trânsito e proibiam o acesso à estrada levando ao local afetado, observou uma equipe da AFP.

Questionado pela AFP, um soldado disse que "três mísseis atingiram seu alvo a cem metros de distância".

Perto dali, Mila Ryabova, tradutora de 39 anos, contou à AFP "ter sido despertada por fortes explosões, entre oito e dez".

"Não há mais eletricidade em casa, nem na escola", testemunhou à AFP esta mãe de uma menina de 9 anos. "Um inverno frio está se aproximando. Podemos não ter eletricidade, aquecimento. Pode ser complicado viver, especialmente com uma criança".

- "Ataque maciço" -

Em Kiev, onde pelo menos cinco explosões foram ouvidas por jornalistas da AFP, "80% dos consumidores da capital" estão privados de água, disse o prefeito Vitaly Klitscho no Telegram, especificando ainda que "350.000 casas estavam sem eletricidade".

As forças armadas russas indicaram que realizaram "ataques com armas de alta precisão e longo alcance (...) contra o comando militar e os sistemas de energia da Ucrânia".

"Terroristas russos lançaram, mais uma vez, um ataque maciço contra instalações do sistema de energia em várias regiões", declarou um conselheiro da presidência ucraniana, Kyrylo Tymoshenko.

Segundo o primeiro-ministro Denys Chmygal, "mísseis e drones atingiram 10 regiões, danificando 18 instalações, a maioria relacionada ao sistema de energia".

"Centenas de localidades" estão sem eletricidade "em sete regiões" da Ucrânia, acrescentou.

"Em vez de lutar no terreno militar, a Rússia combate civis", criticou Dmytro Kouleba, o ministro ucraniano das Relações Exteriores.

De acordo com a Força Aérea Ucraniana, "mais de 50 mísseis de cruzeiro foram lançados" na Ucrânia "usando aviões", do norte do Mar Cáspio e da região russa de Rostov.

Destroços de um deles, abatido pelas forças de Kiev, caíram em um vilarejo moldavo na fronteira com a Ucrânia, disse Chisinau, relatando danos materiais, mas sem vítimas.

Os ataques russos "representam uma ameaça direta à segurança dos países vizinhos", criticou no Facebook o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, pedindo mais uma vez aos aliados de Kiev que forneçam "equipamentos modernos de defesa antimísseis e antiaéreos".

- "Pretexto falso" -

Inspeção de carga de navio de cereais ucranianos
Esses novos ataques ocorrem após o anúncio, no fim de semana por Moscou, da suspensão de sua participação no acordo sobre as exportações de grãos ucranianos, vitais para o abastecimento mundial de alimentos.

Nesta segunda, o Kremlin considerou que será "perigoso" e "difícil" continuar com o acordo sem Moscou.

"Nas condições em que a Rússia fala sobre a impossibilidade de garantir a segurança da navegação nessas áreas, esse acordo é difícil de aplicar. E toma um rumo diferente, muito mais arriscado, perigoso", disse o porta-voz da presidência, Dmitry Peskov.

Dois cargueiros carregados de grãos, no entanto, deixaram os portos ucranianos nesta segunda-feira e tomaram o corredor marítimo humanitário com destino à Turquia, segundo o site especializado Marine Traffic.

Doze cargueiros devem deixar os portos ucranianos durante o dia e outros quatro estão indo em direção a eles, um dos quais, sob bandeira turca, já partiu, informou o Centro de Coordenação Conjunta (JCC), responsável pela supervisão do acordo sobre as exportações de grãos ucranianos através do Mar Negro.

De acordo com o ministro da Infraestrutura ucraniano, Oleksandr Kubrakov, nesta segunda-feira, "as delegações da ONU e da Turquia mobilizaram 10 equipes de inspeção para inspecionar 40 navios".

"Este plano de inspeção foi aceito pela delegação ucraniana", disse, ressaltando que "a delegação russa foi informada".

Na manhã de sábado, um ataque maciço de drones teve como alvo navios militares e civis da Frota Russa do Mar Negro estacionados na Baía de Sebastopol, na Crimeia anexada, irritando Moscou. Um barco militar foi atingido.

O ministério da Defesa russo acusou Londres de ajudar Kiev na "implementação deste ato terrorista", o que o Reino Unido negou veementemente.

Kiev, por sua vez, denunciou no domingo que as exportações de grãos se tornaram "impossíveis" devido ao bloqueio russo restabelecido pela Rússia, descrevendo as acusações russas como um "falso pretexto".

A UE e a ONU condenaram a retirada russa deste acordo essencial, concluído em julho com a mediação das Nações Unidas e da Turquia.

Em Istambul, o JCC indicou que a delegação russa que participava das inspeções de navios com cereais ucranianos estava se retirando "por tempo indeterminado".

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