Mundo

Rússia condena cineasta ucraniano a 20 anos de prisão

Segundo a promotoria, Sentsov criou um grupo terrorista vinculado com os ultranacionalistas ucranianos do Setor de Direita


	Diretor ucraniano Sentsov: ele também foi considerado culpado de posse ilegal de armas e de munição, e de tentar adquirir substâncias explosivas
 (Reuters / Sergey Pivovarov)

Diretor ucraniano Sentsov: ele também foi considerado culpado de posse ilegal de armas e de munição, e de tentar adquirir substâncias explosivas (Reuters / Sergey Pivovarov)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 11h14.

Moscou - A justiça russa condenou nesta terça-feira o diretor de cinema ucraniano Oleg Sentsov a 20 anos de prisão, ao considerá-lo culpado de realizar dois ataques terroristas e de planejar um terceiro na península da Crimeia.

Segundo a promotoria, Sentsov criou um grupo terrorista vinculado com os ultranacionalistas ucranianos do Setor de Direita, organização proibida na Rússia, após a anexação da península em março de 2014.

Sentsov também foi considerado culpado de posse ilegal de armas e de munição, e de tentar adquirir substâncias explosivas.

Um segundo acusado, Aleksandr Kolchenko, foi condenado a 10 anos de prisão após se declarar culpado de atacar a sede da Rússia Unida, em Simferopol, capital da Criméia, "devido a seu desacordo com a política do partido" do Kremlin.

Logo após escutar a sentença, ambos os acusados cantaram o hino da Ucrânia, ao que os diplomatas e jornalistas ucranianos presentes na sala se puseram de pé.

"Gloria à Ucrânia!", gritou Sentsov, que sempre alegou inocência, ao término da audiência realizada em um tribunal da cidade russa de Rostov do Don, informou a agência russa "Interfax".

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que havia pedido várias vezes a libertação do cineasta, imediatamente criticou a sentença.

"Oleg, resista. Chegará a hora que aqueles que organizaram esta farsa judicial contra você se sentarão no banco dos réus", escreveu em sua conta no Twitter.

Outros dois detidos no mesmo caso, Gennady Afanasiev e Alexei Chirinkin, já haviam sido condenados a sete anos de prisão.

A promotoria acusou os ucranianos de atacar em abril de 2014 com coquetéis molotov os escritórios da Rússia Unida e da Sociedade Russa da Crimeia em Simferopol.

Além destes dois ataques, Sentsov e Kolchenko foram condenados de tentar explodir a estátua de Lênin em Simferopol e o monumento aos caídos na Segunda Guerra Mundial no porto de Sebastopol, base da frota russa do Mar Negro.

A Academia do Cinema Europeu pediu ao presidente Vladimir Putin informação sobre Sentsov em carta assinada por cineastas como o espanhol Pedro Almodóvar, o britânico Ken Loach e o alemão Wim Wenders.

Sentsov dirigiu em 2011 seu primeiro e único longa-metragem, "Gamer", que estreou no Festival Internacional de Cinema de Roterdã.

O cineasta participou ativamente do Euromaidan, as maciças manifestações no centro de Kiev que levaram à queda, em fevereiro de 2014, do presidente da Ucrânia, o pró-Rússia Viktor Yanukovich.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaJustiçaRússiaTerrorismoUcrânia

Mais de Mundo

Pelo menos seis mortos e 40 feridos em ataques israelenses contra o Iêmen

Israel bombardeia aeroporto e 'alvos militares' huthis no Iêmen

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos