Rússia coloca em operação arsenal de mísseis hipersônicos "invencíveis"
Chamados de invencíveis por Vladimir Putin, esses mísseis podem superar qualquer escudo antimíssil e atingir alvos em qualquer lugar do mundo
AFP
Publicado em 27 de dezembro de 2019 às 10h14.
Última atualização em 27 de dezembro de 2019 às 11h29.
O exército russo anunciou nesta sexta-feira (27) a entrada em operação de seu primeiro regimento de mísseis hipersônicos Avangard, uma das novas armas desenvolvidas por Moscou e classificadas pelo presidente Vladimir Putin de "praticamente invencíveis".
Esse sistema faz parte de uma nova geração de mísseis capazes, segundo Moscou, de atingir um alvo em quase qualquer lugar do mundo e de furar todos os escudos antimísseis existentes atualmente.
"O ministro da Defesa, Serguei Shoigu, informou ao presidente Putin sobre a entrada em operação do primeiro regimento equipado com os novos sistemas estratégicos Avangard", afirma o ministério em um comunicado citado pelas agências de notícias russas.
Shoigu felicitou os militares russos, considerando "um evento fantástico para o país e para as forças armadas".
Em dezembro de 2018, o exército russo anunciou que o primeiro regimento de mísseis Avangard seria implantado na região de Orenburg, nos Urais.
Vladimir Putin revelou orgulhosamente em março de 2018 uma nova geração de mísseis russos, sendo o primeiro a entrar em operação o Avangard, que, de acordo com Moscou, é capaz de atingir 27 Ma de velocidade, ou seja, 27 vezes a velocidade do som e mais de 33.000 quilômetros por hora.
Ele também é capaz de mudar de rumo e altitude, tornando-o "praticamente invencível", segundo o presidente russo.
Putin comparou os mísseis Avangard, testados com sucesso em dezembro de 2018 com um alcance de 4.000 km, "à criação do primeiro satélite artificial da Terra".
"É um sistema de mísseis intercontinentais, não balístico. É a arma absoluta", disse Putin em junho de 2018. "Não acredito que algum país terá essa arma nos próximos anos. E nós já a temos", acrescentou.
As autoridades russas garantem que esse tipo de arma é capaz de perfurar qualquer escudo antimísseis atualmente existente.
Outra arma apontada como "invencível" por Putin, o míssil balístico intercontinental de quinta geração Sarmat, deve ser entregue às forças armadas russas em 2020.
O Sarmat teria praticamente nenhum limite em termos de alcance e seria "capaz de mirar em alvos cruzando o Polo Norte como o Polo Sul".
Outros sistemas em desenvolvimento incluem um drone submarino movido a energia nuclear, mísseis hipersônicos para caças russos e um misterioso "laser de combate".
O anúncio da chegada dos Avangards ocorre depois que Moscou e Washington suspenderam este ano sua participação no tratado bilateral de desarmamento INF, datado da Guerra Fria.
Também está em questão o futuro do tratado START para a redução de arsenais nucleares, que expira em 2021.
A Rússia acusa os Estados Unidos de tentar romper os tratados existentes, a fim de alcançar seu "esgotamento econômico por uma nova corrida armamentista", na qual assegura que não deseja embarcar.
No entanto, multiplicou os anúncios nesse sentido, anunciando, em particular, que deseja adaptar seus sistemas marinhos Kalibr, usados pela primeira em 2015 na Síria, em variante terrestre, dentro de dois anos.
Também revelou em meados de dezembro pequenos detalhes de seu escudo espacial antimíssil Kupol, que afirma ser o equivalente ao sistema SBIRS americano, mas cujos contornos ainda são misteriosos.
O exército russo sofreu vários acidentes embaraçosos este ano, incluindo uma explosão nuclear no extremo norte que matou sete pessoas em 8 de agosto, durante testes de "novas armas". Especialistas dizem que foi o Burevestnik, um míssil de cruzeiro de "alcance ilimitado".