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Réveillon com as Farc gera incidente com missão da ONU

Observadores não armados, enviados pela ONU para acompanhar o fim do conflito com as Farc, dançaram com guerrilheiros durante a festividade

Farc: "a Missão da ONU na Colômbia tomou a decisão de afastar de seu serviço três observadores presentes na ocasião e seu supervisor direto" (foto/Getty Images)
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AFP

Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 20h57.

Uma festa de réveillon das Farc no norte da Colômbia, da qual participaram membros da missão da ONU no país que deveriam monitorar o desarmamento da guerrilha, provocou a expulsão, nesta quinta-feira, de quatro integrantes da missão - uma sanção criticada pelos insurgentes.

Observadores internacionais não armados, enviados pelas Nações Unidas para acompanhar o fim do conflito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas), dançaram com guerrilheiros durante a festividade, realizada em um ponto de reunião temporário de insurgentes em La Guajira, segundo imagens publicadas no domingo pela imprensa colombiana.

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"Concluídas as investigações sobre as circunstâncias" do ocorrido, "a Missão da ONU na Colômbia tomou a decisão de afastar de seu serviço três observadores presentes na ocasião e seu supervisor direto", informou a organização em um comunicado.

Estes funcionários "não trabalharão mais para a Missão da ONU na Colômbia e voltarão aos seus países de origem", explicou à AFP uma porta-voz da entidade, sem revelar nem a identidade, nem a nacionalidade dos punidos, alegando normas de confidencialidade.

A missão política da ONU na Colômbia para verificar o fim do conflito foi decidida por unanimidade em janeiro passado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que também decidiu na ocasião fazer parte do mecanismo tripartite (ONU, governo e Farc) para a supervisão do cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo.

Após tomar conhecimento da sanção, as Farc anunciaram nesta quinta-feira sua retirada do mecanismo tripartite local do município de Conejo, em La Guajira, onde ocorreu a festa polêmica.

"As Farc retiram seu componente (...) até que a ONU esclareça a demissão de seu pessoal" informou a liderança do bloco Martín Caballero.

Os guerrilheiros lamentaram o afastamento dos observadores apenas por compartilharem um evento social com os rebeldes, seus familiares e a comunidade.

Na segunda-feira, o líder das Farc, Rodrigo Londoño "Timochenko", ironizou no Twitter a polêmica em torno do tema: "Não sabem como fazer notícia com as @FARC_EPueblo, o escândalo da semana é que comemoramos a chegada do #AñoNuevo".

No mesmo dia, a missão da ONU na Colômbia condenou que seus membros tivessem dançado com insurgentes nesta comemoração.

"Este comportamento é inapropriado e não reflete os valores de profissionalismo e imparcialidade da Missão", destacou na ocasião, advertindo que medidas seriam tomadas.

Após as investigações, determinou-se que foram quatro os envolvidos na conduta inadequada, segundo a porta-voz da ONU consultada pela AFP.

A Missão das Nações Unidas na Colômbia reiterou nesta quinta-feira "sua determinação de verificar com total imparcialidade os compromissos das partes sobre o cessar-fogo e de hostilidades e a deposição de armas" das Farc, depois que as partes assinaram, em 24 de novembro, o acordo de paz para acabar com mais de meio século de conflito.

A guerrilha, que estima ter 5.700 combatentes, se reúne em locais vizinhos às 26 zonas onde, no prazo máximo de seis meses, deverão se desarmar e retornar à vida civil, sob supervisão da ONU.

Para estes trabalhos, a Secretaria Geral solicitou ao Conselho de Segurança o envio de 450 observadores internacionais, dos quais 280 já chegaram ao país.

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