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Renúncia de chefe da coalizão revela divisões na Síria

Ahmed Moaz al Khatib estava à frente da Coalizão Nacional, considerada a representante legítima do povo sírio por dezenas de países e organizações internacionais

Mouaz al-Khatib: renúncia (Benoit Tessier/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de março de 2013 às 14h05.

O chefe da oposição síria, Ahmed Moaz al Khatib, anunciou neste domingo sua renúncia, enquanto a principal formação armada da rebelião não reconheceu o "primeiro-ministro" rebelde eleito na semana passada, o que ilustra a dificuldade dos opositores de unificar suas forças frente ao regime de Bashar al-Assad.

Estes anúncios também revelam as rivalidades entre os partidários dos rebeldes, principalmente o Qatar e a Arábia Saudita, que pretendem manter certa influência sobre aqueles que podem um dia chegar ao poder em caso de queda do atual presidente sírio, segundo fontes políticas.

Em contrapartida, no terreno os rebeldes continuaram sua ofensiva, tomando o controle de uma faixa de 25 km que se estende da Jordânia até o limite de cessar-fogo com Israel nas Colinas de Golã, indicou neste domingo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Ahmed Moaz al Khatib estava à frente da Coalizão Nacional, considerada a representante legítima do povo sírio por dezenas de países e organizações internacionais, desde novembro. Ele anunciou que renunciaria "para poder trabalhar com a liberdade que não posso ter dentro de uma organização oficial".

"Durante esses dois últimos anos, fomos estrangulados por um regime de uma brutalidade sem precedentes, enquanto o mundo nos observava. Toda a destruição das infraestruturas, as detenções de milhares de pessoas, o exílio forçado de milhares de outras (...) não foram suficientes para que a comunidade internacional tomasse uma decisão para permitir que o povo sírio se defendesse", acrescentou em sua página no Facebook.

"Nossa mensagem a todos, é que apenas o povo sírio tomará sua decisão. Fiz uma promessa a nosso grande povo que renunciaria se uma linha vermelha fosse ultrapassada. Hoje, honro esta promessa", afirmou Khatib.

Este anúncio ocorre dois dias depois o fracasso dos países europeus de chegarem a um acordo sobre o envio de armas aos rebeldes sírios, um projeto defendido por Londres e Paris.

Além disso, a comunidade internacional não consegue se entender sobre os meios para resolver o conflito iniciado em 15 de março de 2011 por uma revolta popular que se militarizou frente a repressão do regime. O ocidente exige a saída de Assad, mas a Rússia, aliada do regime, rejeita qualquer ingerência na crise.

A oposição síria também não está ao abrigo das divisões.

De acordo com opositores, Khatib pensava em renunciar já há certo tempo por se opor a nomeação de um primeiro-ministro rebelde interino, Ghassan Hitto, eleito em 18 de março, para formar um governo responsável por gerir os territórios sob controle rebelde.

E, segundo um deles, ele criticava "alguns países, principalmente o Qatar, de querer controlar a oposição" e de ter imposto a eleição de Hitto, apoiado pela Irmandade Muçulmana.

Em visita a Bagdá, o secretário de Estado americano John Kerry afirmou que sua renúncia "não foi uma surpresa". "Era uma homem que eu gostava e apreciava sua liderança".

Hitto foi eleito em Istambul por 35 votos de um total de 49, após 14 horas de discussões. Alguns membros da Coalizão, entre eles seu porta-voz Walid al-Bounni, esfriaram sua participação na coalizão após a eleição.

Neste domingo, o Exército Sírio Livre (ESL) anunciou a sua rejeição ao primeiro-ministro sírio.

"Com todo o nosso respeito por Ghassan Hitto, nós, o ESL, não o reconhecemos como primeiro-ministro, já que a Coalizão não o escolheu por consenso", afirmou Luai Muqdad, coordenador político e dos meios de comunicação.

Segundo um cientista político sírio, que pediu anonimato, esta crise "ilustra a rivalidade entre o Qatar, que apoia a Irmandade Muçulmana e se opõe a qualquer negociação com o regime, e a Arábia Saudita e os Estados Unidos que apoiam uma solução para acabar com a guerra".

Esses anúncios pegaram de surpresa os ministros árabes das Relações Exteriores, reunidos em Doha, que evitaram se pronunciar sobre uma participação da oposição síria na cúpula de Doha na terça-feira.

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Estes anúncios também revelam as rivalidades entre os partidários dos rebeldes, principalmente o Qatar e a Arábia Saudita, que pretendem manter certa influência sobre aqueles que podem um dia chegar ao poder em caso de queda do atual presidente sírio, segundo fontes políticas.

Em contrapartida, no terreno os rebeldes continuaram sua ofensiva, tomando o controle de uma faixa de 25 km que se estende da Jordânia até o limite de cessar-fogo com Israel nas Colinas de Golã, indicou neste domingo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Ahmed Moaz al Khatib estava à frente da Coalizão Nacional, considerada a representante legítima do povo sírio por dezenas de países e organizações internacionais, desde novembro. Ele anunciou que renunciaria "para poder trabalhar com a liberdade que não posso ter dentro de uma organização oficial".

"Durante esses dois últimos anos, fomos estrangulados por um regime de uma brutalidade sem precedentes, enquanto o mundo nos observava. Toda a destruição das infraestruturas, as detenções de milhares de pessoas, o exílio forçado de milhares de outras (...) não foram suficientes para que a comunidade internacional tomasse uma decisão para permitir que o povo sírio se defendesse", acrescentou em sua página no Facebook.

"Nossa mensagem a todos, é que apenas o povo sírio tomará sua decisão. Fiz uma promessa a nosso grande povo que renunciaria se uma linha vermelha fosse ultrapassada. Hoje, honro esta promessa", afirmou Khatib.

Este anúncio ocorre dois dias depois o fracasso dos países europeus de chegarem a um acordo sobre o envio de armas aos rebeldes sírios, um projeto defendido por Londres e Paris.

Além disso, a comunidade internacional não consegue se entender sobre os meios para resolver o conflito iniciado em 15 de março de 2011 por uma revolta popular que se militarizou frente a repressão do regime. O ocidente exige a saída de Assad, mas a Rússia, aliada do regime, rejeita qualquer ingerência na crise.

A oposição síria também não está ao abrigo das divisões.

De acordo com opositores, Khatib pensava em renunciar já há certo tempo por se opor a nomeação de um primeiro-ministro rebelde interino, Ghassan Hitto, eleito em 18 de março, para formar um governo responsável por gerir os territórios sob controle rebelde.

E, segundo um deles, ele criticava "alguns países, principalmente o Qatar, de querer controlar a oposição" e de ter imposto a eleição de Hitto, apoiado pela Irmandade Muçulmana.

Em visita a Bagdá, o secretário de Estado americano John Kerry afirmou que sua renúncia "não foi uma surpresa". "Era uma homem que eu gostava e apreciava sua liderança".

Hitto foi eleito em Istambul por 35 votos de um total de 49, após 14 horas de discussões. Alguns membros da Coalizão, entre eles seu porta-voz Walid al-Bounni, esfriaram sua participação na coalizão após a eleição.

Neste domingo, o Exército Sírio Livre (ESL) anunciou a sua rejeição ao primeiro-ministro sírio.

"Com todo o nosso respeito por Ghassan Hitto, nós, o ESL, não o reconhecemos como primeiro-ministro, já que a Coalizão não o escolheu por consenso", afirmou Luai Muqdad, coordenador político e dos meios de comunicação.

Segundo um cientista político sírio, que pediu anonimato, esta crise "ilustra a rivalidade entre o Qatar, que apoia a Irmandade Muçulmana e se opõe a qualquer negociação com o regime, e a Arábia Saudita e os Estados Unidos que apoiam uma solução para acabar com a guerra".

Esses anúncios pegaram de surpresa os ministros árabes das Relações Exteriores, reunidos em Doha, que evitaram se pronunciar sobre uma participação da oposição síria na cúpula de Doha na terça-feira.

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