Mundo

Rebelião líbia quer se financiar exportando petróleo do leste

Oposição do país realizou a primeira operação para tentar exportar petróleo desde o início dos ataques internacionais

Rebeldes observam combate na Líbia: petróleo pode ajudar a oposição (Aris Messinis/AFP)

Rebeldes observam combate na Líbia: petróleo pode ajudar a oposição (Aris Messinis/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2011 às 16h58.

Tobruk, Líbia  - Um petroleiro aportou nesta terça-feira no leste da Líbia, para fazer o primeiro carregamento de petróleo da rebelião líbia desde a interrupção total das exportações do país, o que permitirá financiar a insurreição contra o coronel Muamar Kadafi.

O navio-tanque entrou no terminal petroleiro próximo a Tobruk, a 130 quilômetros da fronteira egípcia, nesta terça-feira à tarde, segundo um jornalista da AFP no local.

"Podemos confirmar que oe navio chegou a seu destino", um terminal petroleiro próximo a Tobruk, havia indicado anteriormente à AFP Michelle Bockmann, especialista em mercados da Lloyd's List Intelligence, uma revista com sede em Londres. "O navio deverá ser carregado no dia 6 de abril (quarta-feira)", segundo a publicação.

É a primeira vez que os rebeldes líbios, que controlam vários portos do leste, realizam uma operação deste tipo, desde a entrada da coalizão internacional no conflito em meados de março e a suspensão total das exportações de petróleo do país, de acordo com a Lloyd's List.

A União Europeia informou nesta terça-feira que não fazia objeção à compra de petróleo líbio, contanto que os recursos provenientes dessa transação não beneficiem o regime de Kadafi.

"Dois carregamentos de petróleo" já tinham sido efetuados em Tobruk, entre 28 de fevereiro e meados de março, afirmou à AFP Fethi Faraj, chefe do Comitê de Insurgentes, que administra esta cidade portuária.

O petroleiro, que tem seu tamanho adaptado ao Canal de Suez, pode transportar um milhão de barris de petróleo, acrescentou Bockmann. No estado atual das coisas, um carregamento como esse vale em torno de 120 milhões de dólares.

O navio, de bandeira liberiana, é propriedade de uma empresa com sede na Grécia.

Grandes campos de petróleo líbios estão situados no leste do país, controlado pela rebelião. A insurgência tenta exportar o "ouro negro" para abastecer seus cofres, mas não há detalhes sobre as transações.

"É uma questão de segurança nacional, de dizer ao inimigo o que temos e o que não temos... Então, preferimos não comentar essas informações", disse à AFP Mustapha Gheriani, um porta-voz do Conselho Nacional de Transição (CNT), organização formada pela rebelião.

"Se Kadafi tenta bombardear os campos petrolíferos, é porque se trata de uma questão de segurança nacional", acrescentou, durante uma entrevista concedida em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia e bastião de insurgentes.

Se o navio que chegou a Tobruk conseguir o carregamento como o previsto, "isso enviará um forte sinal ao mercado" sobre a retomada das exportações de petróleo líbio, considerou Michelle Bockmann.

A normalização poderá, entretanto, levar algum tempo. "É um comércio ainda muito arriscado. Imagino que o proprietário do navio pagou um preço considerável para enviar seu navio para lá", disse o analista.

Os campos situados nas regiões da Líbia nas mãos dos insurgentes produzem de 100.000 a 130.000 barris por dia, declarou em 27 de março Ali Tarhoni, porta-voz da insurreição encarregado de questões econômicas.

Ele ressaltou também que a oposição pretendia exportar petróleo em "menos de uma semana", e que um acordo tinha sido fechado com o Qatar para assegurar a comercialização. O Qatar foi o primeiro país árabe a participar das operações militares internacionais na Líbia.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaComércio exteriorEnergiaExportaçõesLíbiaPetróleo

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado