Mundo

Rebeldes líbios instalam embaixadores em Londres e Paris

Além da vitória no terreno diplomático, oposição a Kadafi também conseguiu o controle de duas novas cidades

Os rebeldes avançam na Líbia (Gianluigi Guercia/AFP)

Os rebeldes avançam na Líbia (Gianluigi Guercia/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2011 às 17h39.

Al-Ghazaya, Líbia - Os rebeldes líbios infligiram nesta quinta-feira um duplo revés ao regime de Muamar Kadafi, instalando seus embaixadores em Londres e Paris e conquistando duas localidades próximas à fronteira com a Tunísia, ao sudoeste de Trípoli.

Às 08h00 locais (03h00 de Brasília), os rebeldes lançaram um ataque contra a localidade de Al-Ghazaya, pelo oeste e pelo leste, onde ocorreram os confrontos mais graves, constatou a AFP.

À tarde, os rebeldes entraram a bordo de SUVs na cidade, a qual tinham bombardeado com artilharia pesada, depois que as forças leais ao coronel fugissem em diversos veículos, contou o correspondente da AFP.

Depois, os rebeldes seguiram seu caminho para o povoado de Om Al Far, nordeste da cidade, que também conquistaram.

Os rebeldes bombardearam o povoado e um dos projéteis caiu sobre um depósito de munições, que explodiu, constatou a AFP.

Foi em Al-Ghazaya, a cerca de 10 km da fronteira com a Tunísia, onde as forças de Kadafi intensificaram ultimamente seus disparos de foguetes Grad contra Nalut, uma cidade nas mãos dos rebeldes a 230 km a oeste da capital líbia.

Há meses toda essa região montanhosa de Nefusa é palco de combates entre as forças de Kadafi e os rebeldes, que desencadearam em julho uma ofensiva de grandes proporções com a intenção de avançar para a capital líbia.

Entretanto, a Otan mantém uma forte pressão com dezenas de ataques aéreos diários.


Os insurgentes declararam na quarta-feira que tinham feito em vão uma oferta ao coronel Kadafi para que este deixasse o poder, com direito a ficar no país.

"O prazo acabou. A proposta já não é válida", afirmou o líder do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político dos insurgentes em Benghazi), Mustafah Abdeljalil.

Em virtude dessa oferta, Kadafi devia abandonar o poder e o local de sua residência se fixaria em função da "eleição do povo líbio". Também tinha ficado sob "estreita vigilância".

França e Grã-Bretanha, assim como um responsável da rebelião, sugeriram ultimamente que Kadafi poderia ficar na Líbia com condições, uma vez que abandonasse o poder.

No front diplomático, os rebeldes avançam frente a um Kadafi desafiante, "disposto ao sacrifício para derrotar o inimigo".

O ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, estima que o movimento da insurgência poderá levar uma geração para dar frutos.

O Reino Unido reconheceu o Conselho Nacional de Transição como único "governo legítimo" da Líbia, e o convidou na quarta-feira a se instalar na embaixada desse país em Londres, de onde foram expulsos os últimos diplomatas leais a Kadafi.

O CNT respondeu nesta quinta-feira, nomeando embaixador na capital britânica a Mahmoud Nacua, escritor e intelectual de 74 anos.

Mahmoud Nacua "está envolvido na oposição desde os anos 1980", explicou Guma Al-Gamaty, coordenador no Reino Unido para o CNT.

O reconhecimento por Londres do CNT foi qualificado de "irresponsável" e "ilegal" pelo vice-ministro de Relações Exterior líbio Khaled Kaaim.

Em Paris, o CNT instalou seu representante na França.

"Acabo de apresentar hoje minha carta de nomeação ao (ministério de) Relações Exteriores", declarou Mansur Saif Al-Nasr, de 63 anos, que assegura ter sido nomeado "representante do CNT na França" em 9 de julho.

Os Estados Unidos afirmam estudar uma petição do CNT para abrir uma embaixada em Washington.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDiplomaciaLíbiaMuammar KadafiPolíticos

Mais de Mundo

Trump nomeia Keith Kellogg como encarregado de acabar com guerra na Ucrânia

México adverte para perda de 400 mil empregos nos EUA devido às tarifas de Trump

Israel vai recorrer de ordens de prisão do TPI contra Netanyahu por crimes de guerra em Gaza

SAIC e Volkswagen renovam parceria com plano de eletrificação