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Rebeldes e jihadistas na Síria recrutam menores, segundo HRW

Grupos rebeldes e de jihadistas na Síria recrutam menores com a desculpa de proporcionar educação, denuncia a Human Rights Watch


	Menina na Síria: jovens de até 15 anos são enviados ao campo de batalha, diz ONG
 (Thaer Al Khalidiya/Reuters)

Menina na Síria: jovens de até 15 anos são enviados ao campo de batalha, diz ONG (Thaer Al Khalidiya/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2014 às 09h02.

Beirute - Os grupos rebeldes e de jihadistas na Síria recrutam menores com a desculpa de proporcionar educação, denuncia nesta segunda-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

Em um relatório, a ONG afirma que adolescentes de até 15 anos são enviados ao campo de batalha e que há menores de 14 em tarefas de apoio.

Como exemplo a organização cita o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que, através de campanhas de escolarização gratuitas, incorporou menores que foram treinados para o uso de armas e encomendou missões como atentados suicidas.

No texto, a HRW documenta os casos de 25 crianças e adolescentes que foram combatentes do Exército Livre Sírio (ELS), da Frente Islâmica, do EIIL, da Frente al Nusra (filial da Al Qaeda na Síria) e das forças de segurança curdas sírias.

Se desconhece o número de menores que lutam com os grupos armados na Síria.

Em junho de 2013, o Centro sírio para a Documentação de Violações (CDV) reportou um total de 194 mortes de homens menores de idade "não civis" desde setembro de 2011.

Os entrevistados pela HRW participaram de atos de violência como franco-atiradores ou espionando o inimigo, assim como guardas nos postos de controle, atendendo aos feridos no campo de batalha ou em tarefas logísticas como o transporte de munição às frentes de guerra.

Os menores se uniram aos grupos armados por várias razões: muitos seguiram seus parentes e amigos adultos, enquanto outros estavam vivendo no meio dos combates sem receber nenhum tipo de educação.

Alguns tinham participado dos protestos antigovernamentais no começo do conflito e isto os motivou a se unir à luta e outros "tinham sofrido" previamente em mãos do governo, explica HRW.

Todos os entrevistados são homens, embora a ONG lembrou que as forças do Partido curdo sírio da União Democrática (PYD) e sua milícia, as Unidades de Proteção do Povo Curdo, alistaram meninas para vigiar os postos de controle e patrulhar.

"Os grupos armados sírios não deveriam abusar de menores vulneráveis, que viram seus parentes serem assassinados, suas escolas serem bombardeadas e suas comunidades destruídas, recrutando em suas fileiras", diz no documento a autora do relatório, Priyanka Motaparthy, investigadora da HRW em direitos dos menores no Oriente Médio.

No texto, se recolhe a experiência de Mayed, um jovem de 16 anos, que lutou para a Frente al Nusra em Deraa (sul).

Essa organização armada proporcionava educação gratuita na mesquita da cidade, que incluía treino militar e práticas de tiro.

Segundo Mayed, os comandantes da Frente al Nusra pediam a adultos e menores que cometessem atentados suicidas.

"Às vezes alguns se apresentavam como voluntários e (os comandantes do Frente al Nusra) respondiam "Alá te elegeu", narrou Mayed.

Algumas formações adotaram passos para acabar com o recrutamento de menores como a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), principal aliança política opositora, que apoia o ELS.

Em março, a CNFROS se comprometeu a cumprir com a legalidade internacional, o que incluía evitar a incorporação e a participação dos menores nas hostilidades.

As forças curdas sírias também lançaram um plano para acabar com a presença de menores em suas fileiras.

A HRW afirmou que todos os grupos armados na Síria deveriam se comprometer publicamente a proibir o recrutamento e o uso de crianças e adolescentes e a retirar todos os menores de 18 anos de suas forças.

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