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Ramadã começa na Ásia em plena Copa do Mundo

Radicais ameaçam atacar bares "impuros" que transmitem os jogos durante o mês de jejum para os mulçumanos

Bar da Indonésia transmite jogo da Copa do Mundo (AFP)

Bar da Indonésia transmite jogo da Copa do Mundo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2014 às 17h31.

Em muitos países da Ásia, os <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/muculmanos">muçulmanos</a></strong> iniciaram neste domingo o mês do Ramadã, em meio a ameaças de radicais de atacar os bares "impuros" que transmitem os jogos da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/copa-do-mundo-2014">Copa do Mundo de 2014</a></strong>.</p>

No continente asiático, o mês de jejum para os muçulmanos também começou na Malásia, no Afeganistão, nas Filipinas e no Sri Lanka.

Na Indonésia, o maior país muçulmano, com 225 milhões de fiéis de uma população total de 250 milhões de habitantes, grupos islamitas radicais ameaçaram atacar os bares que continuarem a vender álcool, ou que permanecerem abertos até tarde durante o Ramadã. O consumo de bebida alcoólica é proibido pela lei islâmica.

O líder da Frente dos Defensores do Islã na capital indonésia, Jacarta, Salim Alatas, anunciou que seu grupo "vigiará qualquer atividade imoral durante o Ramadã: se os representantes da ordem pública não fizeram nada contra as atividades imorais, faremos o possível para eliminá-las com os nossos próprios métodos", disse ele.

Essas ameaças têm pouco impacto, porém, neste país muçulmano moderado, onde o futebol é muito popular. Praticantes e torcedores, indonésios e estrangeiros, têm lotado os bares de Jacarta. Eram muitos os que estavam animados na frente das telas que transmitiam os jogos das oitavas de final da Copa do Mundo no Brasil na madrugada deste domingo, apesar da hora tardia, constatou a AFP.

"O jejum realmente não afeta meu entusiasmo pela Copa do Mundo", declarou o estudante Intania Permata, de 22 anos, que olhava fixamente para a partida cheia de suspense entre Brasil e Chile em um bar-restaurante de Jacarta.

Setiadi Putra, de 27, considerou que, com a aproximação da final, a febre da Copa vai atrair ainda mais torcedores para os bares durante o mês de Ramadã.

Na Somália, os islâmicos shebab ameaçaram intensificar seus ataques e atentados na capital, Mogadíscio, ao longo do mês.

"Tudo que estiver vinculado à devoção de Allah, em especial, a 'Jihad' (guerra santa), deve se intensificar durante o mês sagrado do Ramadã", garantiu Sheikh Ali Mohamed Hussein, chefe de operações shebab em Mogadíscio, em uma mensagem divulgada pela Rádio Andalus e em uma página islâmica na Internet.

Em uma mensagem transmitida pela televisão por ocasião do Ramadã, o presidente somali, Hassa Sheikh Mohamed, disse que o governo tomou todas as medidas para enfrentar a ameaça dos shebab no mês sagrado.

"Sabemos que elementos violentos preveem impedir as pessoas de praticar sua religião, mas vamos detê-los com o uso da força para que a população possa cumprir suas obrigações religiosas em paz", afirmou o chefe de Estado.

 O dilema religião-futebol 

O Ramadã é um dilema para os muçulmanos praticantes e amantes de futebol quando esses dois eventos coincidem, como aconteceu em 1982, com a Copa do Mundo na Espanha.

Os torcedores precisam ver se são capazes de observar o jejum durante a Copa do Mundo no Brasil, que terminará em 13 de julho. A questão é mais premente nos países de maioria muçulmana que participam na competição, como a Argélia, que na segunda-feira vai disputar pela primeira vez em sua história as oitavas de final contra a Alemanha.

Muitos indonésios também observaram o início do Ramadã em família e participaram de orações, como em Jacarta, onde milhares de fiéis foram sábado à noite à mesquita de Istiqlal, a maior do Sudeste Asiático.

No Afeganistão, a política interferiu nas celebrações do início do Ramadã. Durante o "iftar" - a refeição tomada todas as noites durante o mês de jejum muçulmano -, falava-se apenas nos resultados da contestada eleição presidencial, que devem ser anunciados nos próximos dias, depois de alegações de fraude.

Já os muçulmanos do Sri Lanka, país predominantemente budista, poderão seguir o Ramadã moderadamente após a recente onda de violência inter-religiosa.

Nas Filipinas, onde os católicos são maioria, os muçulmanos começaram a celebrar o primeiro Ramadã desde a assinatura de um acordo de paz entre o governo e o mais importante grupo de rebeldes islâmicos, após décadas de conflito armado e de milhares de mortos.

Fora da Ásia, a maioria dos outros países muçulmanos, incluindo a Arábia Saudita, começou o Ramadã neste domingo. Alguns, como o Iêmen, iniciaram no sábado.

O calendário muçulmano é lunar, e o Ramadã deve começar após a lua nova.

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