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Quase 200 mil pessoas morrem por ano pelo consumo de drogas

O especialista da ONU lamentou que programas de prevenção, tratamento e reabilitação de consumidores sejam muito pouco em muitos países


	Drogas: a cada ano são investidos no mundo US$ 100 bilhões em enfoques repressivos em matéria de drogas
 (Getty Images)

Drogas: a cada ano são investidos no mundo US$ 100 bilhões em enfoques repressivos em matéria de drogas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 09h48.

Viena - O diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), Yuri Fedotov, lembrou nesta segunda-feira que quase 200 mil pessoas morrem todos os anos pelo consumo de narcóticos.

"Quase 200 mil pessoas perdem a vida por ano por overdose ou por outros problemas médicos relacionados com as drogas", declarou hoje Fedotov ao início da Comissão de Entorpecentes da ONU.

Nesta reunião em Viena participam ministros e altos cargos de 53 países, assim como vários organismos internacionais, com o objetivo de pactuar uma posição antes da próxima sessão especial sobre drogas da Assembleia Geral, que será realizada de 19 a 21 de abril e é o primeiro encontro deste tipo em quase duas décadas.

Fedotov lembrou que no mundo há 27 milhões de toxicômanos com problemas graves de saúde, dos quais 12 milhões utilizam drogas injetáveis como a heroína.

O diplomata russo também ressaltou que o tráfico de drogas e os enormes ingressos que gera são um grande problema em várias regiões do planeta, entre elas, a América Central.

Fedotov alertou sobre os crescentes laços entre "grupos do crime organizado e a violência extremista e terrorista, beneficiados pelo tráfico ilícito de drogas".

O especialista lamentou que programas de prevenção, tratamento e reabilitação de consumidores sejam muito pouco em muitos países, e solicitou aplicar medidas baseadas no respeito aos direitos humanos.

O russo destacou que há alternativas ao encarceramento por delitos menores, como a posse de droga para consumo pessoal, e encorajou a aplicação de programas de prevenção e reinserção social.

Com essa medida se evitaria que "indivíduos vulneráveis na prisão fossem recrutados por criminosos ou inclusive terroristas", indicou Fedotov.

O responsável da ONU também destacou que a aplicação da pena de morte em delitos relacionados com as drogas não está "nem na letra e nem no espírito das convenções internacionais sobre drogas".

Várias ONGs, como Harm Reduction International, se mostraram críticas com o atual enfoque antidrogas e pedem para revisá-lo na próxima reunião da Assembleia Geral em abril.

Segundo um recente relatório dessa organização, a cada ano são investidos no mundo US$ 100 bilhões em enfoques repressivos em matéria de drogas e 83% dos delitos relacionados com as drogas são posse de pequenas quantidades de entorpecentes.

Apesar dos esforços internacionais o número de consumidores de drogas aumentou em quase 20%, desde os 206 milhões de 2006 aos 246 milhões em 2013, segundo lembra essa organização usando os próprios dados da ONU.

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