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Quadrilhas estão usando comida para recrutar crianças na Venezuelana

Os mecanismos de captação mudaram e as crianças, que antes eram seduzidas por artigos eletrônicos, agora procuram comida

Governo de Maduro: as crianças estão sendo usadas para o contrabando de gasolina e transporte de drogas (Marco Belo/Reuters)
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EFE

Publicado em 2 de novembro de 2018 às 16h34.

Caracas, 2 nov (EFE).- Crianças e jovens de famílias pobres da Venezuela estão sendo recrutados por grupos criminosos por meio de alimentos, no meio da grave crise de que atinge o país, disse nesta sexta-feira o diretor da ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), Roberto Briceño León.

Em entrevista à rede de TV "Globovisión", ele afirmou que as crianças passaram a comer menos em casa porque existe pouca comida para ser distribuída.

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"Então vem um grupo e convida essa criança para visitar o esconderijo deles e comer um hambúrguer ou tomar um refrigerante. Assim começa a vida dentro da quadrilha", explicou.

De acordo com León, os mecanismos de captação mudaram e as crianças, que antes eram seduzidas por artigos eletrônicos, agora procuram comida. Segundo ele, sem alimentos, as famílias passam por notáveis dificuldades e crianças indígenas do estado de Zulia, na fronteira com a Colômbia, por exemplo, entraram para o mundo do crime seduzidas por produtos desviados do programa do governo de alimentos a baixo custo, conhecido como CLAP.

"Agora, estão sendo usadas para o contrabando de gasolina e transporte de drogas", afirmou.

A OVV, uma organização formada por analistas de oito universidades nacionais, divulgou um estudo no começo de outubro denunciando que três crianças morreram por dia em 2017 no país por causa da violência. O estudo, que usou como base matérias publicadas na imprensa e dados oficiais, calculou em 1.134 o total de homicídios de crianças e adolescentes durante o ano passado, o que significa uma morte violenta a cada oito horas e cerca de 90 por mês.

Para León, a evasão escolar também tem um importante papel na entrada das crianças e jovens no crime. Em sua opinião, o Estado deveria pensar soluções para manter crianças e adolescentes na escola "de qualquer jeito".

"O abandono escolar é terrível porque deixa a criança na rua, à mercê dos criminosos e à mercê de qualquer outro risco", disse.

O presidente Nicolás Maduro, no entanto, informou ontem que a Venezuela tem uma taxa de escolaridade de 90% e que a meta do governo é alcançar os 100%.

O Parlamento venezuelano, de maioria opositora, por sua vez, disse há alguns dias que 90% das escolas não contam com o Programa de Alimentação Escolar (PAE). A vice-presidente da Comissão de Família do Parlamento, Karin Salanova, qualificou a situação de "crítica" e destacou que os colégios não têm recursos para atender todos os alunos enquanto "a desnutrição caminha a passos largos" devido à severa crise econômica e social que vive o país. EFE

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