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Putin mira além da eleição para expandir autoridade, dizem fontes

Putin está montando uma equipe com a tarefa de garantir a conquista de um quarto mandato com ampla margem em 2018

Putin: o esforço é liderado pelo ex-responsável pela energia nuclear do país, Sergei Kiriyenko, nomeado no mês passado chefe de política interna do Kremlin (Getty Images)

Luísa Granato

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 16h44.

Moscou - Enquanto a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA repercute no mundo, Vladimir Putin está garantindo sua continuidade como força a ser considerada pelo próximo ocupante da Casa Branca.

Putin está montando uma equipe com a tarefa de garantir a conquista de um quarto mandato com ampla margem em 2018, segundo cinco pessoas próximas ao processo.

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O esforço é liderado pelo ex-responsável pela energia nuclear do país, Sergei Kiriyenko, nomeado no mês passado chefe de política interna do Kremlin, que deverá liderar a campanha quando ela for anunciada ao público, provavelmente no fim do ano que vem, disse uma das pessoas.

Todas pediram anonimato por discutirem deliberações confidenciais.

Putin está lançando as bases para sua terceira década no poder. A missão de Kiriyenko vai além das eleições, segundo as pessoas que discutiram o assunto com ele.

Inclui se livrar de parte do conservadorismo que permeou o sistema político nos últimos anos sem ameaçar a estabilidade. Isso transforma sua nomeação em parte do esforço de Putin para criar uma nova geração de altos funcionários.

“A agenda conservadora se esgotou”, disse Andrey Ashkerov, cientista político da Universidade Estatal de Moscou. “Putin está convocando jovens funcionários públicos a se unirem a ele para tentar renovar o sistema.”

Calote e reatores

Conhecido principalmente pelo período em que atuou como primeiro-ministro em 1998, no qual a Rússia deixou de pagar sua dívida doméstica e a moeda do país entrou em colapso, Kiriyenko, 54, trabalha sob o comando de Putin desde 2000.

Durante a maior parte desse período, ele se concentrou na reconstrução da indústria nuclear como em seu auge, na era soviética, como presidente da estatal Rosatom.

Sob sua liderança, a empresa se transformou em instrumento de política externa ao ampliar seu alcance global com acordos para a construção de usinas de energia em países como Finlândia, Hungria, China e Índia.

Faltando um ano e meio para a eleição, Kiriyenko começou em seu novo emprego com apenas um colega, o ex-assessor de imprensa da Rosatom Sergei Novikov.

Não está claro qual será o tamanho de sua equipe, mas Kiriyenko indicou que se juntaria ao ex-ministro das finanças Alexei Kudrin, que está desenvolvendo um plano para fortalecer o poder judiciário do país, disseram as pessoas.

Novikov preferiu não comentar o assunto e disse que Kiriyenko não estava disponível.

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que o papel de Kiriyenko é mais “multifacetado”, não simplesmente o de organizar as eleições e introduzir mudanças na política doméstica.

Kiriyenko “não conduzirá uma eleição normal, e sim a eleição de Putin, que é uma espécie de referendo sobre a confiança em Putin”, disse Andrei Kolesnikov, chefe do programa de política doméstica do Carnegie Moscow Center.

O índice de aprovação de Putin é de mais de 80 por cento e a oposição está desorganizada. Quase dois terços dos russos querem vê-lo no poder após 2018, segundo consulta da empresa independente de pesquisas de opinião Levada.

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