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Putin diz que ataque dos EUA ao Irã seria uma catástrofe

Para o presidente russo, Irã está em total conformidade com seus compromissos relativos a atividades nucleares

Putin: presidente participou de uma sessão de perguntas e respostas nesta quinta (20) (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Reuters)

Putin: presidente participou de uma sessão de perguntas e respostas nesta quinta (20) (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de junho de 2019 às 14h04.

Última atualização em 20 de junho de 2019 às 14h05.

Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin, disse na quinta-feira (20), que um ataque militar dos Estados Unidos contra o Irã seria uma catástrofe para o Oriente Médio, que poderia provocar uma onda de violência e um possível êxodo de refugiados.

Putin disse, durante sua sessão de perguntas e respostas na TV, que a Rússia acredita que o Irã está em total conformidade com seus compromissos relativos a atividades nucleares e que as sanções contra o país são infundadas.

Putin quer aumentar o nível de vida dos russos

Também durante a sessão de perguntas, Putin, que enfrenta um aumento da insatisfação popular em relação ao governo, prometeu aos russos frear a queda do nível de vida.

Salários baixos, aumento dos preços e das tarifas dos serviços públicos, disparidades regionais... As primeiras questões dirigidas ao presidente russo neste encontro anual foram centradasnas dificuldades que atingem o povo.

A "Linha direta" (nome do programa) com o presidente apresenta a cada ano promessas para solucionar os problemas cotidianos, orientações para os líderes regionais e confidências sobre a vida privada do dirigente russo.

Apresentado pela 17ª vez desde que Putin assumiu o poder em 1999, esta ação midiática que agrada ao público dura geralmente cerca de cinco horas.

Este ano, foi realizado num momento em que a popularidade do presidente tem caído significativamente e a insatisfação e a preocupação do público tem crescido por medidas impopulares como o aumento da idade mínima para se aposentar ou do reajuste do imposto sobre a compra de mercadorias.

Putin admitiu que existem dificuldades provisórias relacionadas a estas medidas mas assegurou que elas já começam a dar frutos e a melhorar a situação econômica. Imediatamente prometeu "aumentar o nível de vida, o nível da renda" da população, que estão em queda há vários anos, e disse que quer resolver problemas urgentes como a saúde pública ou a coleta de lixo.

Segundo a TV estatal russa Rossia 24, foram enviadas 1,5 milhão de perguntas para Putin.

De acordo com o instituto independente Levada, dois terços dos russos aprovam o presidente, um índice elevado mas inferior aos 80% e 90% que tinha em 2014 após anexar a Crimeia.

"Quando vai embora?", "O que iremos fazer quando não tivermos mais petróleo ou gás?", ou "Por favor, salve a Rússia", foram algumas das perguntas e comentários que surgiram no programa.

Um pobreza vergonhosa

Com o país atingido desde 2014 por sanções econômicas europeias e americanas sem precedentes por conta da crise ucraniana, "a pobreza se converteu numa vergonha para a Rússia", disse na segunda-feira o líder daCâmara de Contas russa, Alexei Kudrin, numa entrevista à televisão, estimando que afetava a mais de 12 milhões de pessoas entre 146,7 milhões de habitantes.

Apesar de o governo não ter enfrentado nenhum grande protesto popular até agora, nos últimos meses a insatisfação tem se manifestado numa série de questões como o tratamento do lizo ou a construção de uma catedral nos Urais.

"O objetivo principal doe 'Linha direta' é mostrar que Vladimir Putin é o melhor defensor dos interesses do povo, que é o presidente mais humano e a última esperança de justiça", disse à AFP o analista político Konstantin Kalachev.

Segundo o analista, o objetivo é principalmente "aumentar o otimismo social": "O presidente assume assim o papel de uma pessoa a quem recorrer quando já estamos completamente desesperados. E com este estilo atrai muitos russos".

A política exterior também preocupa os russos num momento em que as relações entre Moscou e o Ocidente estão no ponto mais baixo desde o final da Guerra Fria, atingidas pela falta de acordo em relação à Síria e Ucrânia, supostas ingerências eleitorais e escândalos de espionagem.

Além dos problemas econômicos e políticos, a personalidade presidente desperta a curiosidade e sempre fazem perguntas sobre sua vida privada, muito reservada.

"Qual seu escritor favorito?", "Por que usa relógio no braço direito?" o "Como é ser presidente?", foram algumas das perguntas formuladas.

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