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Próximo governo precisa fortalecer o pós-sal

"O pré-sal não substitui o pós-sal" disse o presidente da Associação Brasileira de Estudos em Energia

Especialistas do setor de energia destacaram a importância da regulação do pré-sal (Felipe Dana/Divulgação/EXAME)

Especialistas do setor de energia destacaram a importância da regulação do pré-sal (Felipe Dana/Divulgação/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 16h12.

Rio de Janeiro - A implementação do marco regulatório do pré-sal vai ser um grande desafio da agenda de política energética do governo Dilma Rousseff, apontaram hoje (14) especialistas do setor, reunidos no seminário Uma Agenda Para a Política Energética Brasileira nos Próximos Quatro Anos. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Estudos em Energia (AB3E) e Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE).

Outra preocupação da agenda da política energética da nova gestão deve ser com o fortalecimento do pós-sal. O presidente da AB3E, Edmar de Almeida, disse à Agência Brasil que, nos últimos 2 anos, o país ficou muito centrado na discussão das novas regras do pré-sal e deixou de lado as demais áreas de exploração de petróleo. “A mensagem que surgiu [nos debates] é que o pré-sal não substitui o pós-sal”.

Daí a importância de que o governo retome rapidamente as licitações nas áreas de concessão que estão fora do pré-sal, para que as empresas possam reconstituir o portfólio de exploração e continuem tocando os projetos. Os pesquisadores do setor energético temem que essas áreas percam importância na agenda governamental.

Outro consenso é o de que a presidenta eleita Dilma Rousseff deve priorizar também os campos marginais de petróleo. Edmar de Almeida reconheceu que o governo já sinalizou de forma positiva para a necessidade de dar incentivos e reforçar o surgimento de pequenas empresas de petróleo brasileiras nesses campos marginais. “É importante que esse tema seja resgatado”.

Com relação ao uso de máquinas, componentes e tecnologias nacionais, Almeida disse que “as políticas que estão sendo pensadas até agora vão na boa direção para aumentar o conteúdo local e desenvolver a indústria de fornecedores". Mas ele acredita que as açãoes ainda são insuficientes. "Vai ser muito mais difícil do que as políticas que estão sendo implementadas sugerem”.

No campo dos biocombustíveis, o presidente da AB3E criticou o fato de a política brasileira de produção de etanol ainda estar voltada às tecnologias de primeira geração, enquanto Europa e Estados Unidos já desenvolvem tecnologias mais avançadas. “Nos últimos anos, os Estados Unidos passaram o Brasil na produção de biocombustíveis”.

Para que o Brasil não fique para trás, Almeida espera que o governo assuma que o Brasil é bom na produção de etanol, “mas essa vantagem competitiva não é eterna, não está 100% garantida. Por isso, é importante olhar para as novas tecnologias e atrair empresas que conhecem essas novas tecnologias de segunda geração”.

Outro problema a ser enfrentado na área dos bicombustíveis é que o etanol concorre com a gasolina, o gás natural veicular (GNV) e o óleo diesel. “É importante que haja uma orientação da política energética sobre a matriz de combustíveis que se espera no futuro, e não deixar isso apenas para uma disputa dos diferentes grupos de interesse”. Para ele, a decisão deve ser estratégica e tem de ser tomada de forma racional, para evitar que haja “canibalização” de um combustível em relação a outro.

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