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Protestos contra violência policial em Minneapolis se espalham pelos EUA

No início da semana, homem negro foi morto ao ser asfiixiado por policial na cidade de Minneapolis

Protesto pacífico contra violência policial em Minneapolis nesta sexta: (Nicholas Pfosi/Reuters)

Protesto pacífico contra violência policial em Minneapolis nesta sexta: (Nicholas Pfosi/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de maio de 2020 às 09h02.

Última atualização em 30 de maio de 2020 às 09h22.

Os protestos contra a violência policial, que vêm transformando Minneapolis em praça de guerra, se espalharam ontem por pelo menos dez cidades americanas.

Os tumultos começaram na segunda-feira, após a divulgação de um vídeo que mostra o policial Derek Chauvin, que é branco, com o joelho no pescoço de George Floyd, negro - que morreu em seguida, após dar entrada no hospital.

Nesta sexta, 29, Chauvin foi preso e acusado de homicídio culposo, que pode levar a uma pena de até 25 anos de prisão. No vídeo de 10 minutos, gravado por uma testemunha, ele passa pelo menos sete com o joelho no pescoço de Floyd, mesmo após ele dizer que não conseguia respirar. O policial, de 44 anos, foi demitido no dia seguinte - juntamente como outros três colegas que participaram da ação.

De acordo com a polícia, os quatro foram designados para atender a um chamado em uma loja de conveniência às 20 horas (horário local) de segunda-feira. Floyd teria tentado usar um nota de US$ 20 falsa e resistido à prisão - todas as imagens divulgadas até agora, porém, desmentem a versão dos policiais.

Os protestos começaram quase imediatamente - a testemunha que gravou a abordagem transmitiu a ação ao vivo pelo Facebook. Nas duas primeiras noites, os manifestantes incendiaram prédios públicos e saquearam lojas. Na madrugada de ontem, colocaram fogo em uma delegacia de Minneapolis.

Manifestações contra a violência policial foram registradas também em outras cidades americanas. Em Nova York, a polícia prendeu 70 pessoas na Union Square. Em Louisville, cidade mais populosa de Kentucky, sete pessoas foram baleadas em um protesto que incluía a morte de Breonna Taylor, uma negra assassinada pela polícia em março.

A polícia de Denver registrou sete disparos durante uma manifestação na cidade, mas ninguém ficou ferido. Em Columbus, a multidão invadiu e depredou o Congresso do Estado de Ohio. Manifestações também foram registradas em Memphis, Los Angeles, Albuquerque, Portland e Saint Paul - vizinha a Minneapolis.

Em meio ao clima de desordem social, o presidente dos EUA, Donald Trump, insultou os manifestantes, chamando-os de "bandidos", e incentivou o uso da força para conter os protestos. No Twitter, ele postou uma frase usada nos anos 60 por Walter Headley, chefe de polícia de Miami. "Quando saques começarem, os tiros começam", escreveu o presidente.

Imediatamente, o Twitter marcou o post de Trump com um alerta, alegando que a mensagem enaltecia a violência. "Este tuíte violou as regras do Twitter por glorificar a violência. No entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse do público que o tuíte permaneça acessível", justificou a empresa.

Trump e o Twitter iniciaram então um novo capítulo da disputa que marcou a semana, que havia começado com a empresa marcando dois posts do presidente com um alerta para que os usuários checassem a veracidade da mensagem de Trump. Furioso, o presidente assinou uma ordem executiva, na quinta-feira, que muda as regras de proteção às redes sociais, que evitam que empresas de tecnologia - como Twitter, Facebook e Google - sejam processadas por moderarem publicações de usuários.

Enquanto o presidente disparava para todos os lados, os democratas tentaram marcar posição com um tom mais moderado. O ex-presidente Barack Obama afirmou que casos como o de Floyd não deveriam ser "normais" nos EUA em 2020". "Se quisermos que os nossos filhos cresçam num país à altura dos seus maiores ideais, podemos e devemos fazer melhor", escreveu o ex-presidente em uma carta publicada no Twitter.

Biden, que foi vice de Obama e será o candidato democrata na eleição presidencial de novembro, acusou Trump de incitar a violência. "Não é o momento para tuítes incendiários. Não é hora de incitar à violência", disse. "É hora de uma verdadeira liderança."

Prisão

Ontem, quando a polícia dispersava os manifestantes em Minneapolis, uma equipe de jornalistas da CNN foi detida durante a cobertura. O repórter Omar Jimenez, um produtor e um cinegrafista foram libertados uma hora depois com um pedido de desculpas do governador de Minnesota, Tim Walz.

Para lembrar

Em 1967, quando assaltos, furtos e homicídios tomavam conta dos bairros negros de Miami, Walter Headley, chefe de polícia da cidade, convocou a imprensa para declarar "guerra" ao crime. "Deixei claro que, quando os saques começarem, os tiros começam." Headley comandou a polícia de Miami por 20 anos. Na época, apenas brancos, como ele, eram chamados de "policiais" - os negros eram conhecidos como "patrulheiros". Um exemplo da truculência foi dado no ano seguinte. Em 1968, três dias de protestos durante a convenção do Partido Republicano, em agosto, deixaram 3 mortos e 18 feridos

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