Promotor pede que Kirchner seja julgada por formação de quadrilha
A ex-presidente, que reafirma ser vítima de perseguição política, foi acusada várias vezes pelo Ministério Público e tem quatro processos judiciais abertos
EFE
Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 14h44.
Buenos Aires - Um promotor da Argentina pediu nesta segunda-feira que seja levado a julgamento um dos casos nos quais a ex-presidente Cristina Kirchner está processada, por suposta formação de quadrilha e administração fraudulenta na concessão de obras públicas durante o seu mandato.
Segundo a agência estatal de notícias "Télam", Gerardo Pollicita solicitou ao juiz do caso, Julián Ercolini, a abertura de um julgamento contra a ex-governante e outros indiciados, entre eles o ex-ministro de Planejamento Federal, Julio De Vido, e o ex-secretário de Obras Públicas, José López, já detidos por outras acusações.
No expediente, o Ministério Público da Argentina investiga o suposto favorecimento do empresário Lázaro Báez, que está detido, na província de Santa Cruz - o berço do kirchnerismo no sul da Argentina - em contratos de obras públicas durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner.
Em 17 de novembro, o Escritório Anticorrupção (OA, sigla em espanhol) da Argentina, vinculado ao governo de Mauricio Macri, solicitou a abertura do julgamento.
Segundo apontou o escritório na época, a viúva de Nestor Kichner "manteve as ações de seu antecessor", ao alocar "elevados recursos econômicos" ao Departamento Nacional de Estradas.
"Que depois, em grande medida, seriam canalizados através do departamento viário da província de Santa Cruz para beneficiar irregularmente às empresas do grupo Báez com fundos do Departamento Nacional", acrescentou a OA no texto, em referência ao Grupo Austral, que é de propriedade de Báez, um ex-colaborador da família Kirchner que está em prisão preventiva há um ano e meio por outro caso de lavagem de dinheiro.
No total, as licitações questionadas são 51, que totalizam um montante aproximado de 46 bilhões de pesos argentinos (US$ 2,63 bilhões) e a pena de prisão prevista é de 50 anos, a máxima do Código Penal.
A ex-presidente, que reafirma ser vítima de perseguição política, foi acusada várias vezes pelo Ministério Público e tem quatro processos judiciais abertos por fatos ocorridos durante o seu mandato.
O primeiro se deve a supostas irregularidades em contratos futuros do dólar por parte do Banco Central - que já foi levado a julgamento em março deste ano - e dois por associação ilícita na concessão de obras públicas, na qual a família teria recebido retornos econômicos oriundos do superfaturamento das obras licitadas através do aluguel de imóveis para empresários como Báez.
Por último, Cristina também está sendo processada pelo suposto acobertamento dos iranianos suspeitos de terem cometido um atentado contra uma associação israelita em Buenos Aires que deixou 85 mortos em 1994.