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Príncipe Charles investiu milhões em sociedades offshore, diz BBC

A emissora disse que as transações foram "legais" e que não existem indícios de evasão fiscal

Príncipe Charles: seu ducado adquiriu ações de empresa que comercializava bônus de carbono (Saul Loeb/AFP)

Príncipe Charles: seu ducado adquiriu ações de empresa que comercializava bônus de carbono (Saul Loeb/AFP)

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EFE

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 19h30.

Última atualização em 7 de novembro de 2017 às 21h52.

Londres - O príncipe Charles investiu através do ducado da Cornualha US$ 3,9 milhões de dólares em quatro fundos registrados nas Ilhas Cayman em 2007, revelou nesta terça-feira a rede de televisão britânica "BBC" em mais um episódio do caso que ficou conhecido como Paradise Papers.

A emissora afirma que as transações foram "legais" e que não existem indícios de evasão fiscal, além de revelar que o principal herdeiro do trono britânico estimulou mudanças na legislação meio ambiental internacional após comprar ações de uma companhia das ilhas Bermudas que se beneficiaria dessas propostas.

A "BBC" obteve esses detalhes sobre o príncipe a partir dos documentos da investigação jornalística internacional Paradise Papers.

Segundo o jornal "The Guardian", Charles investiu 1 milhão de libras (US$ 1,48 milhões) no fundo Coller International Partners IV-D, nas Ilhas Cayman.

A publicação diz que o príncipe "pagou impostos de forma voluntária sobre os lucros que recebe desse fundo anualmente" no Reino Unido.

O ducado da Cornualha, controlado pelo primogênito da rainha Elizabeth II, adquiriu em 2007 US$ 113,5 mil em ações da companhia Sustainable Forestry Management Ltd.

A empresa comercializava bônus de carbono, um mercado criado pelos tratados internacionais para reduzir as emissões causadoras do aquecimento global.

Após adquirir essas ações, o herdeiro do trono britânico defendeu mudanças no Regime de Comércio de Direitos de Emissão da União Europeia e no protocolo de Kioto que impediam negociações com bônus de carbono relacionados a florestas tropicais, segundo a "BBC".

Um porta-voz da Clarence House, residência oficial do príncipe, afirmou à emissora britânica que Charles "certamente nunca decidiu falar sobre um tema simplesmente por uma companhia na qual poderia ter investido".

"No caso da mudança climática, seus pontos de vista são bem conhecidos, já que alerta sobre os riscos do aquecimento global para o nosso meio ambiente há mais de 30 anos", disse.

"Os mercados de carbono são só um exemplo (das causas) que o príncipe liderou desde a década de 1990 e que continua promovendo hoje em dia", acrescentou o porta-voz.

Quando o príncipe adquiriu as ações da SFM, um dos diretores da companhia era o banqueiro e conservacionista Hugh van Cutsem, falecido em 2013 e que a "BBC" descreve como um dos amigos mais próximos de Charles.

Os documentos aos quais a emissora teve acesso mostram que em 2007 a empresa fez campanha para conseguir "mudanças na legislação" que regula os bônus de carbono.

Em junho de 2007, quatro meses depois de o ducado da Cornualha realizar o investimento, Van Cutsem ordenou que fossem enviados documentos relacionados com essa campanha de pressão ao escritório do príncipe Charles, ainda segundo a "BBC".

Em julho deste ano, o duque da Cornualha fez um discurso no qual criticou a exclusão dos bônus de carbono relacionados com florestas tropicais do mercado comercial e defendeu a necessidade de uma mudança nesse campo, e em outubro iniciou uma campanha para promover essas modificações legislativas.

 

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