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Primeiros refugiados sírios chegam ao Uruguai

Essa é a primeira etapa de um plano de reassentamento de refugiados inédito na região, promovido pelo presidente José Mujica

Menina síria refugiada na cidade turca de Istambul (Bulent Kilic/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2014 às 22h43.

Quarenta e dois refugiados sírios - em sua maioria crianças - chegaram nesta quinta-feira ao Uruguai , informou à AFP uma fonte da Presidência uruguaia.

Essa é a primeira etapa de um plano de reassentamento de refugiados inédito na região, promovido pelo presidente José Mujica.

A chegada foi cercada por uma rígida operação de segurança, que impediu a entrada da imprensa na Base Aérea vizinha ao aeroporto, para onde foram levados os refugiados sírios.

"Acho que a garotada acaba se integrando mais rápido", comentou Mujica, que recebeu os recém-chegados no aeroporto e visitou as famílias em sua nova casa.

Os recém-chegados "se sentem imensamente agradecidos ao Uruguai (...), sentem que saíram de um inferno", avaliou o presidente, convocando outros países a fazer o mesmo.

"Acho que outros países têm de ajudar. Basicamente, sei que o Brasil já está no tema aqui na América", afirmou, antecipando que proporá ações similares quando o Uruguai assumir a presidência rotativa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), na próxima cúpula do bloco, ainda sem data definida.

Exibindo bandeiras nacionais e mensagens de boas-vindas, dezenas de pessoas aplaudiram a chegada dos refugiados.

"Tomara que venham outros", declarou à AFP a aposentada Carmen Ribouria, de 63 anos. "Eles estão vivendo uma situação horrível, e precisamos ajudá-los. Os outros países da América do Sul também deviam fazer a mesma coisa", acrescentou.

"Já fui imigrante também. Vivi na Austrália por 40 anos e sei como é difícil. É tudo novo, o idioma é diferente, é complicado se adaptar", comentou Oscar Zamora, também aposentado.

Hassan Mamari, um sírio que vive há décadas no Uruguai, foi receber os compatriotas.

"É um dia alegre e triste ao mesmo tempo. Triste, porque nunca imaginei o que está acontecendo no meu país. E alegre, porque recebi parte da minha terra, gente do meu país, neste país maravilhoso que é o Uruguai", explicou.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal "Búsqueda", 69% dos uruguaios concordam em receber as famílias sírias.

O primeiro grupo é integrado por cinco famílias: uma, com 14 integrantes; outra, com 12; duas famílias com seis pessoas cada uma; e a última, com quatro.

A maioria dos membros das famílias é de menores de idade, o principal quesito do governo na hora de fazer a seleção.

"Alguns estão um pouco ansiosos, outros estão muito felizes", disse o secretário uruguaio de Direitos Humanos Javier Miranda, encarregado dos refugiados e que viajou com eles por dois dias a partir do Líbano.

Plano inédito

O Uruguai é o primeiro país da região a implementar um plano desse tipo, elaborado em coordenação com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e com o apoio da Organização Internacional das Migrações (OIM).

"Para nós, é um momento de reivindicação das melhores tradições do Uruguai: de prestar apoio, assistência e soluções humanitárias em momentos difíceis", ressaltou o chanceler Luis Almagro, cujos relatos sobre os campos de refugiados na Jordânia levaram Mujica a lançar o projeto.

O ambicioso programa - que envolve ajuda às famílias para que consigam emprego e moradia - custará entre US$ 2,5 milhões e US$ 3 milhões. Em uma segunda etapa, no final de fevereiro de 2015, está prevista a chegada de outros 80 refugiados.

Outros países do subcontinente também têm facilitado a chegada de sírios, como é o caso do Brasil. Em 2013, o governo brasileiro adotou um programa de concessão de vistos humanitários especiais aos afetados pelo conflito na Síria. Mais de 1.200 vistos já foram concedidos.

O chanceler Luis Almagro disse que Uruguai e Brasil convocarão a América Latina a receber refugiados "em situações de crise humanitária, ou de conflitos armados", durante uma conferência regional sobre migração, em dezembro, no Brasil.

Em seus primeiros dois meses no país, as famílias viverão no Lar dos Maristas, onde aprenderão espanhol e terão suas primeiras noções a respeito da cultura uruguaia. Os adultos participarão de programas de capacitação para que possam entrar no mercado de trabalho.

Depois de mais de três anos de guerra civil e diante do recente avanço dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), a ONU calcula que o número de refugiados sírios já tenha superado a faixa dos três milhões, ou seja, quase a população total do Uruguai.

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Quarenta e dois refugiados sírios - em sua maioria crianças - chegaram nesta quinta-feira ao Uruguai , informou à AFP uma fonte da Presidência uruguaia.

Essa é a primeira etapa de um plano de reassentamento de refugiados inédito na região, promovido pelo presidente José Mujica.

A chegada foi cercada por uma rígida operação de segurança, que impediu a entrada da imprensa na Base Aérea vizinha ao aeroporto, para onde foram levados os refugiados sírios.

"Acho que a garotada acaba se integrando mais rápido", comentou Mujica, que recebeu os recém-chegados no aeroporto e visitou as famílias em sua nova casa.

Os recém-chegados "se sentem imensamente agradecidos ao Uruguai (...), sentem que saíram de um inferno", avaliou o presidente, convocando outros países a fazer o mesmo.

"Acho que outros países têm de ajudar. Basicamente, sei que o Brasil já está no tema aqui na América", afirmou, antecipando que proporá ações similares quando o Uruguai assumir a presidência rotativa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), na próxima cúpula do bloco, ainda sem data definida.

Exibindo bandeiras nacionais e mensagens de boas-vindas, dezenas de pessoas aplaudiram a chegada dos refugiados.

"Tomara que venham outros", declarou à AFP a aposentada Carmen Ribouria, de 63 anos. "Eles estão vivendo uma situação horrível, e precisamos ajudá-los. Os outros países da América do Sul também deviam fazer a mesma coisa", acrescentou.

"Já fui imigrante também. Vivi na Austrália por 40 anos e sei como é difícil. É tudo novo, o idioma é diferente, é complicado se adaptar", comentou Oscar Zamora, também aposentado.

Hassan Mamari, um sírio que vive há décadas no Uruguai, foi receber os compatriotas.

"É um dia alegre e triste ao mesmo tempo. Triste, porque nunca imaginei o que está acontecendo no meu país. E alegre, porque recebi parte da minha terra, gente do meu país, neste país maravilhoso que é o Uruguai", explicou.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal "Búsqueda", 69% dos uruguaios concordam em receber as famílias sírias.

O primeiro grupo é integrado por cinco famílias: uma, com 14 integrantes; outra, com 12; duas famílias com seis pessoas cada uma; e a última, com quatro.

A maioria dos membros das famílias é de menores de idade, o principal quesito do governo na hora de fazer a seleção.

"Alguns estão um pouco ansiosos, outros estão muito felizes", disse o secretário uruguaio de Direitos Humanos Javier Miranda, encarregado dos refugiados e que viajou com eles por dois dias a partir do Líbano.

Plano inédito

O Uruguai é o primeiro país da região a implementar um plano desse tipo, elaborado em coordenação com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e com o apoio da Organização Internacional das Migrações (OIM).

"Para nós, é um momento de reivindicação das melhores tradições do Uruguai: de prestar apoio, assistência e soluções humanitárias em momentos difíceis", ressaltou o chanceler Luis Almagro, cujos relatos sobre os campos de refugiados na Jordânia levaram Mujica a lançar o projeto.

O ambicioso programa - que envolve ajuda às famílias para que consigam emprego e moradia - custará entre US$ 2,5 milhões e US$ 3 milhões. Em uma segunda etapa, no final de fevereiro de 2015, está prevista a chegada de outros 80 refugiados.

Outros países do subcontinente também têm facilitado a chegada de sírios, como é o caso do Brasil. Em 2013, o governo brasileiro adotou um programa de concessão de vistos humanitários especiais aos afetados pelo conflito na Síria. Mais de 1.200 vistos já foram concedidos.

O chanceler Luis Almagro disse que Uruguai e Brasil convocarão a América Latina a receber refugiados "em situações de crise humanitária, ou de conflitos armados", durante uma conferência regional sobre migração, em dezembro, no Brasil.

Em seus primeiros dois meses no país, as famílias viverão no Lar dos Maristas, onde aprenderão espanhol e terão suas primeiras noções a respeito da cultura uruguaia. Os adultos participarão de programas de capacitação para que possam entrar no mercado de trabalho.

Depois de mais de três anos de guerra civil e diante do recente avanço dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), a ONU calcula que o número de refugiados sírios já tenha superado a faixa dos três milhões, ou seja, quase a população total do Uruguai.

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