Primeiro-ministro do Peru renuncia após suposto tráfico de influência
A saída de Otarola ocorre após a substituição, no mês passado, dos ministros da Fazenda, Energia e Minas
Repórter colaborador
Publicado em 6 de março de 2024 às 06h27.
O primeiro-ministro peruano Alberto Otarola renunciou ao cargo na terça-feira ao se defender de tráfico de influência, privando a presidente Dina Boluarte de um importante aliado político.
O programa revelou áudios em que se ouve a voz de Otarola expressando afeto pela mulher que em 2023 obteve dois contratos com o Estado no valor de 53.000 soles (cerca de R$ 69,2 mil), como assistente técnica administrativa no Ministério da Defesa.
"Diga-me, amor, para conversarmos. Você sabe que essas coisas incomodam, chateiam, mas você sabe que eu também te amo", diz o primeiro-ministro à jovem de 25 anos.
Otarola afirmou à imprensa que a gravação foi feita em 2021, quando ele não era funcionário do governo, e foi manipulada e editada como parte de uma conspiração de seus oponentes políticos. Ele negouter cometido qualquer ato ilegal,"Não roubei um único centavo do povo", escreveu ele. "Não houve contratos irregulares em minha administração."
A saída de Otarola ocorre após a substituição, no mês passado, dos ministros da Fazenda, Energia e Minas. A mudança ocorre em um momento crucial para o governo, que está tentando se recuperar de uma recessão provocada pela crise climática e por tumultos políticos que começaram em dezembro após o ex-presidente Pedro Castillo ter sido deposto e preso enquanto tentava fechar ilegalmente o Congresso.Boluarte, então vice-presidente, foi empossada, mas dezenas de pessoas morreram em manifestações que se seguiram.O primeiro-ministro é um cargo poderoso na política do Peru, chefiando o gabinete do presidente e fazendo a ligação com o Congresso. Otarola, ex-ministro da Defesa que também serviu no governo de Castillo teve um papel de destaque como principal porta-voz e rosto do governo na administração de Boluarte, menos experiente politicamente.