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Mesmo sem concorrer, Lula é estrela da campanha

Apesar de não ser candidato pela primeira vez em 21 anos, atual presidente é o principal nome da campanha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Arquivo)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Brasília - Os brasileiros elegerão no próximo domingo um novo presidente após uma campanha eleitoral na qual, pela primeira vez nos últimos 21 anos, Luiz Inácio Lula da Silva não foi candidato, embora estivesse mais presente do que nunca.

Lula foi candidato à Presidência pelo PT, que ele mesmo fundou em 1980, nas eleições de 1989, 1994 e 1998, que perdeu consecutivamente, até que chegou ao poder em sua quarta tentativa, em 2002, sendo reeleito em 2006.

José Dirceu e Antonio Palocci, duas proeminentes figuras do PT, eram os candidatos naturais a comandar o partido nas eleições deste domingo, mas se envolveram em escândalos que em 2005 abalaram o Governo e acabaram afastados do cenário político nacional.

Por conta disso, e com a impossibilidade de aspirar a um terceiro mandato consecutivo, pois a Constituição o impede, Lula lançou o nome de Dilma Rousseff, que ganhou sua confiança primeiro como ministra de Minas e Energia e depois como titular da Casa Civil.

O PT aceitou de má vontade a decisão do presidente em favor de uma mulher que nunca tinha sido candidata a nenhum cargo público, que se filiou à legenda há 11 anos e que jamais participou da vida partidária.

Apesar de sua inicial rejeição a uma candidata "recém chegada" ao partido, como a definiram alguns dirigentes, o PT se inclinou à aposta de Lula, que se mantém como líder incontestável do partido.

No entanto, talvez sabedor das limitações de sua candidata, Lula decidiu empenhar seu nome e sua popularidade, próxima a 80% segundo as pesquisas, na arriscada missão de conseguir que, pela primeira vez, o Brasil seja governado por uma mulher.

Antes e durante a campanha, teve uma onipresença absoluta em atos e comícios junto a Dilma, o que causou várias polêmicas e, no âmbito pessoal, lhe custou seis multas impostas pela Justiça eleitoral por ultrapassar as barreiras de atuação de um presidente.

Dilma, por sua vez, construiu sua mensagem para os eleitores sobre a base dos avanços sociais e econômicos que o país experimentou durante os dois mandatos de seu mentor político, que nos atos de campanha chegou a falar mais que a própria candidata.


Essa permanente exposição junto ao maior líder surgido no Brasil nas últimas seis décadas catapultou Dilma ao favoritismo nas pesquisas, que hoje lhe dão intenções de voto de aproximadamente 50%.

Da mesma maneira, os candidatos a governador, senador e deputado do PT e dos partidos aliados do Governo se esforçaram para incluir vídeos, fotos ou declarações de Lula em sua propaganda.

O que ninguém podia imaginar no Brasil era que Lula também ia se transformar na "imagem" de alguns dos principais adversários de Dilma, como ocorreu no caso do opositor José Serra.

O candidato do PSDB chegou a utilizar em sua campanha imagens nas quais era visto junto a Lula, a quem definiu em sua propaganda política como um "autêntico líder" que "fez muito por um país", embora falando que "agora é possível fazer mais".

A aparição de Lula na campanha de Serra desagradou alguns de seus correligionários, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), que além de desaprová-lo criticou com duros termos o governante.

"Vejo um presidente que se transformou em militante, em chefe de uma coluna e não do Governo, o que supera os limites do Estado de Direito", declarou FHC há duas semanas.

Com ou sem Lula em sua propaganda, o certo é que a candidatura de Serra desceu morro abaixo nas pesquisas, e de ter o apoio de quase 40% do eleitorado em maio passado, chegará ao pleito com pouco mais de 27% de respaldo.

Se essas previsões se confirmarem nas urnas, Dilma será, por obra e graça de Lula, a primeira presidente do Brasil.

E seu mentor político terá se consolidado como seu "Pigmaleão", mas também como um tipo de "Rei Midas" da política, capaz de tirar ouro eleitoral de uma candidata que o PT não queria e que somente aceitou por causa da insistência do ex-sindicalista.

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