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Presos trocados por suposto espião de Israel chegam ao Egito

Os governos de Cairo e Tel Aviv negociaram trocar 25 presos egípcios pelo americano-israelense Ilan Grapel, suspeito de espionagem

Soldado egípcio observa movimento na fronteira entre Israel e Egito: os primeiros a atravessar foram três adolescentes (Mahmud Khaled/AFP)

Soldado egípcio observa movimento na fronteira entre Israel e Egito: os primeiros a atravessar foram três adolescentes (Mahmud Khaled/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2011 às 13h34.

Cairo - Os 25 presos egípcios que os governos de Cairo e Tel Aviv negociaram trocar pelo americano-israelense Ilan Grapel, suspeito de espionagem, chegaram nesta quinta-feira ao Egito sob fortes medidas de segurança, informou a rede de televisão estatal egípcia.

Os primeiros a atravessar a fronteira com Israel foram três adolescentes. Fontes de segurança egípcias disseram à Agência Efe que os presos foram levados a uma sala para serem reconhecidos pelos chefes de suas respectivas tribos, para que em seguida o Egito efetue a deportação de Grapel.

Um dos adolescentes, de nome Salah, afirmou a TV que passou três meses e 15 dias preso após entrar de forma clandestina em Israel.

'Não voltarei a fazer isso, tenho lembranças que não consigo descrever, mas graças a Deus que estou de novo em meu país', confessou.

Outro preso libertado por Israel, Mesalem, destacou que nos seis anos em que passou recluso 'o tratamento foi difícil e me senti discriminado'.

Na chegada, os cidadãos egípcios foram recebidos por autoridades locais, que entregaram coroas de flores e bandeiras.

A troca de presos entre Israel e Egito ocorreu no sul da Península do Sinai depois que em 18 de outubro o soldado israelense, Gilad Shalit, fora trocado por mais de 1 mil presos palestinos com a mediação do Egito.

Embora em princípio as autoridades egípcias pensassem em trocar Grapel por um número maior de presos, a negociação fechou com 25 pessoas que cumpriam diversas penas por delitos como o tráfico de drogas e mercadorias e a entrada ilegal em Israel.

Grapel, de 27 anos e de nacionalidade americana-israelense, é acusado pela Procuradoria-Geral egípcia de 'espionar contra o Egito com a intenção de prejudicar seus interesses econômicos e políticos'.

Segundo os serviços secretos egípcios, o jovem foi enviado ao Egito para recrutar pessoas, executar atividades de espionagem e coletar informações sobre a Revolução de 25 de Janeiro, que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak.

Ele é acusado de instigar manifestantes a participar dos distúrbios que afetam a ordem pública e gerar uma brecha entre o Exército e o povo com a intenção de propagar a instabilidade e afetar negativamente à revolução.

As informações dos serviços secretos apontam que o acusado fez parte do Exército israelense e participou da guerra do verão de 2006 entre Israel e o grupo xiita libanês Hisbolá.

Egito lutou contra Israel em quatro guerras - 1948, 1956, 1967 e 1973 -, que culminaram com tratado de paz assinado em Washington em 1979, mas os laços bilaterais sempre foram distantes.

As relações se deterioraram ultimamente depois que um ataque da aviação israelense causasse em agosto a morte de seis soldados egípcios em uma área de fronteira, o que desencadeou em 9 de setembro o ataque à embaixada de Israel no Cairo. 

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