Presidente filipino quer lei de autonomia a região muçulmana
Presidente quer uma área autônoma muçulmana no sul do país, um passo crucial para encerrar quase cinco décadas de conflito
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2014 às 09h40.
Manila - O presidente filipino, Benigno Aquino, pediu ao Congresso, nesta quarta-feira que endosse uma lei para a criação de uma área autônoma muçulmana no sul do país, cuja maioria da população é católica, um passo crucial para encerrar quase cinco décadas de conflito.
Os dois lados assinaram um acordo em março para encerrar uma rebelião que matou mais de 120 mil pessoas, deslocou outros 2 milhões e prejudicou o desenvolvimento na região rica em recursos naturais, mas desde então as esperanças de paz foram postas em xeque quando os rebeldes acusaram o governo de renegar o pacto.
Mas intensas negociações retomaram o acordo pelo qual o principal grupo rebelde, a Frente Moro de Libertação Moro, islâmica, concordou em desarmar seus combatentes e entregar suas armas em troca de poder sobre a economia e a sociedade da área de Bangsamoro.
Aquino diz querer ver o acordo implementado antes de seu mandato acabar, em junho de 2016.
“Pedimos ao Congresso que aprove este projeto de lei o mais cedo possível”, disse Aquino na cerimônia. “Se formos capazes de legislar sobre isso, podemos dar aos nossos irmãos moro tempo suficiente para se prepararem, e assim permitir que eles colham as sementes de uma governança significativa que foi definida para Bangsamoro."
Líderes rebeldes devem governar a região autônoma durante um breve período de transição até as eleições de maio de 2016, nas quais a Frente participará, transformando o grupo de guerrilha em um partido político.
A lei que cria o governo autônomo para substituir a existente Região Autônoma na ilha muçulmana de Mindanao, a qual o presidente descreveu como um experimento fracassado, foi produto de 17 anos de negociações e meses de composição do texto.
Sob o acordo, o Bangsamoro autônomo terá autogoverno sobre uma área expandida, com poderes mais amplos para impor impostos e taxas.
Analistas, no entanto, alertaram o governo e os rebeldes sobre os desafios à frente, incluindo a possibilidade de oposição a essa área por parte de interesses políticos e empresariais e de facções étnicas na região.