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Presidente do Parlamento catalão vai à Justiça

Um dia depois da greve na Catalunha para pedir a libertação desses dirigentes, Forcadell e outros cinco deputados foram interrogados por juiz

Catalunha: a Procuradoria os acusa de rebelião, sedição e desvio de fundos (Francois Lenoir/Reuters)

Catalunha: a Procuradoria os acusa de rebelião, sedição e desvio de fundos (Francois Lenoir/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de novembro de 2017 às 15h36.

A presidente do Parlamento catalão, a separatista Carme Forcadell, testemunhou nesta quinta-feira (9) ante o Tribunal Supremo de Madri em uma investigação por rebelião, crime pelo qual vários líderes nacionalistas já foram presos preventivamente.

Um dia depois da greve na Catalunha para pedir a libertação desses dirigentes, Forcadell e outros cinco deputados foram interrogados pelo juiz Pablo Llarena sobre seu papel no processo separatista lançado nesta região.

A Procuradoria os acusa de rebelião, sedição e desvio de fundos por ter urdido "uma estratégia combinada a declarar a independência" no Parlamento, apesar da proibição do Tribunal Constitucional (TC), que pediu a Forcadell que não permitisse iniciativas sobre a secessão.

Segundo a Procuradoria, este plano começou antes da declaração de independência do Parlamento catalão, em 27 de outubro, que supôs o auge de uma crise sem precedentes na história moderna do país.

Em seu depoimento de mais de duas horas, Forcadell defendeu que como presidente do Parlamento não tem "liberdade para impedir votações" e que o TC não pode censurar previamente o debate parlamentar, relatou um porta-voz seu.

O juiz Pablo Llarena pode decretar prisão preventiva para eles, como ocorreu com grande parte dos dirigentes que organizaram em 1º de outubro o referendo inconstitucional.

Novo revés da Europa

O presidente catalão recentemente destituído, Carles Puigdemont, evitou ir à prisão ao viajar para a Bélgica há 10 dias junto com quatro companheiros. Todos estão aguardando a decisão da Justiça belga sobre uma ordem de prisão emitida da Espanha.

O objetivo desta viagem era deslocar a crise catalã ao coração da Europa, que continua lhes dando as costas, como deixou claro nesta quinta-feira o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Jucnker, na Universidade de Salamanca.

"Não se brinca com o Direito", afirmou Juncker, que foi nomeado doctor honoris causa na companhia do chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy.

A Comissão também alertou sobre os riscos econômicos desta crise, que já provocou a saída de mais de 2.200 empresas da região e poderia afetar o vigoroso crescimento do país nos próximos anos.

Depois do referendo, que asseguraram ter vencido com 90% dos votos e uma participação de 43%, os separatistas proclamaram uma República Catalã que não foi reconhecida por nenhum país.

Seus impulsionadores se expõem agora a penas de até 30 anos de prisão por rebelião e de 15 anos por sedição, e oito deles já estão atrás das grades.

Os independentistas prometem continuar com os protestos enquanto preparam as eleições regionais de 21 de dezembro, convocadas por Rajoy, nas quais esperam retomar o poder.

"Devemos afastar democraticamente as nossas instituições daqueles que querem torná-las suas com um golpe de Estado", disse Puigdemont em carta.

O governo espanhol também espera a mobilização em massa dos não separatistas da região, que nas últimas semanas viram o seu pertencimento à Espanha em perigo.

As pesquisas mostram um resultado muito apertado, similar ao das eleições de 2015, quando os separatistas conseguiram 47,8% dos votos, mas uma maioria absoluta na Câmara regional.

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