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Presidente da Ucrânia aceita possível referendo para o país

O presidente interino da Ucrânia aceitou a chance de um referendo para determinar o status político do país

Olexander Turchynov, presidente interino da Ucrânia: "tenho certeza de que a maioria dos ucranianos se pronunciará a favor de uma Ucrânia indivisível" (Sergei Supinsky/AFP)

Olexander Turchynov, presidente interino da Ucrânia: "tenho certeza de que a maioria dos ucranianos se pronunciará a favor de uma Ucrânia indivisível" (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 10h24.

Slaviansk - O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, aceitou nesta segunda-feira a possibilidade de um referendo para determinar o status político do país, como resposta às tensões com o leste, pró-Moscou.

A mudança inesperada aconteceu poucas horas depois do fim do prazo do ultimato apresentado por Turchynov aos separatistas para que entregassem as armas e abandonassem os prédios públicos ocupados no sudeste do país.

Turchynov, que até agora havia rejeitado de maneira taxativa a ideia, apoiada pela Rússia, de submeter o status do país a um referendo, disse que não era contrário à possibilidade de organizar a consulta, por ter a certeza de que os ucranianos defenderão uma Ucrânia "indivisível".

"Nos últimos dias se falou muito sobre um referendo nacional. Não somos contrários à celebração de um referendo em toda a Ucrânia que, se o Parlamento decidir, poderia acontecer no mesmo dia das eleições presidenciais", declarou Turchynov durante uma reunião de líderes dos grupos políticos no Parlamento.

"Tenho certeza de que a maioria dos ucranianos se pronunciará a favor de uma Ucrânia indivisível, independente, democrática e unida", completou o presidente interino.

O referendo poderia acontecer na mesma data das eleições presidenciais previstas para 25 de maio.

Vários ataques coordenados foram lançados no sábado em cidades do leste da Ucrânia de língua russa, uma região de fronteira com a Federação Russa, por homens armados que usavam uniformes sem emblemas e que tomaram prédios oficiais.

O presidente da França, François Hollande, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, condenaram de forma veemente os atos de violência nos últimos dias na Ucrânia, onde insurgentes pró-Moscou enfrentam o governo em várias cidades do leste do país, anunciou o governo francês.

O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, acusou nesta segunda-feira a Rússia de responsabilidade pelo aumento da tensão na Ucrânia e pediu que a União Europeia adote mais sanções.

Para o governo da Alemanha existem "muitos sinais" de um apoio da Rússia aos grupos armados que operam na Ucrânia.


Os ministros europeus das Relações Exteriores estavam reunidos em Luxemburgo para debater a crise e possíveis novas sanções contra a Rússia.

Rússia critica "hipocrisia"

Mas a Rússia criticou o que considera a "hipocrisia" dos países ocidentais a respeito dos acontecimentos na Ucrânia.

"A violência em Maidan (a praça de Kiev centro das manifestações pró-Ocidente), que terminou com dezenas e dezenas de mortos, era considerada democracia, enquanto se fala de terrorismo sobre as manifestações pacíficas que acontecem neste momento no sudeste da Ucrânia", declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"A hipocrisia supera os limites", completou o chefe da diplomacia russa.

Nesta segunda-feira a situação era calma em Slaviansk, cidade do leste da Ucrânia símbolo das tensão, onde grupos armados pró-Moscou assumiram no sábado o controle de edifícios da polícia e das forças de segurança.

O presidente ucraniano havia estabelecido como prazo até as 9H00 (3H00 de Brasília) para que os insurgentes entregassem as armas e abandonassem os edifícios.

Mas Slaviansk permanecia sob controle das forças separatistas, sem a presença de qualquer força governamental, segundo correspondentes da AFP.

Diante da sede do governo municipal era possível observar homens armados, com o mesmo uniforme e com aspecto profissional.

Quase mil habitantes estavam reunidos no centro da cidade e prometeram ficar no local até a celebração de um referendo de anexação à Rússia.

Ao contrário da sugestão do presidente ucraniano sobre um possível referendo nacional, os manifestantes separatistas exigem consultas locais, que teriam mais chances de resultados favoráveis.

No domingo, as autoridades pró-Ocidente de Kiev iniciaram uma "operação antiterrorista" para tentar acabar com os distúrbios no leste do país.

Segundo o ministro do Interior, Arsen Avakov, a contraofensiva deixou um morto e cinco feridos entre as forças ucranianas e "um número indeterminado" de vítimas entre os ativistas pró-Moscou.

Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU terminou sem qualquer avanço.

O aumento da tensão provocou o temor de que Moscou aproveite a oportunidade para uma intervenção militar. O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu defender "a qualquer preço" os cidadãos russos nos países da ex-União Soviética.

Negociações estão previstas para quinta-feira em Genebra entre Estados Unidos, UE, Rússia e Ucrânia, para tentar encontrar uma solução à pior crise desde o fim da Guerra Fria.


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