Presença de milicianos faz de Rafah o alvo de Israel
Nas ruas da passagem já morreram 16 pessoas por conta dos ataques israelenses
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 17h23.
Rafah (Gaza) - A passagem de Rafah, na fronteira com o Egito , principal ponto de abastecimento do Hamas e reduto de grupo islamita foi, junto com o norte da Faixa, um dos alvos mais bombardeados pela aviação israelense nos últimos dias, em operação chamada de "Pilar Defensivo".
Nas ruas da Rafah, enfeitadas com bandeiras verdes do Hamas, pretas do Jihad Islâmica e cartazes com fotos de mártires e líderes islâmicos e das milícias palestinas, já morreram 16 pessoas por conta dos ataques israelenses.
"Chegam, a cada dia, mais de 20 feridos e um ou dois mortos. A maioria é formada por civis e muitos perderam um braço ou uma perna", afirmou à Agência Efe um empregado do hospital Youssef Il Najjar, que explica que no local os feridos recebem o primeiro atendimento e os que apresentam casos mais graves, são transferidos a outros hospitais.
Em um dos quartos está internado Awadala Mohamed Edwan, com uma perna enfaixada e uma cara de dor. "Estava caminhando pela rua, quando caiu uma bomba. Israel mente, disparam contra civis, contra crianças e contra mulheres. Eles são desumanos", disse.
Em um quarto próximo ao de Edwan há outro ferido, que trabalha com construção e tem 32 anos, com o braço direito fraturado e ferimentos nas costas.
Segundo narra, a vítima estava perto de sua casa, caminhando em direção a seu carro, quando um avião israelense lançou um míssil contra um homem que circulava em uma moto. "Fui ferido pelos estilhaços. Caí no chão e não consegui levantar. Demoraram para me ajudar porque não havia ninguém por perto", lembra.
Faisa Ab Dilal, de 70 anos, também foi ferida quando estava em casa com seu filho, nora, e nove netos quando um projétil destruiu metade do imóvel, atingindo seu pé e fazendo perder muito sangue, explica.
"Por que dispararam contra a minha casa? Estávamos ali, sentados...todas as crianças saíram correndo e gritando", comentou.
Ao contrário do que se possa imaginar, a fronteira entre Gaza e Egito tem mais movimento de entrada no território islâmico do que de saída.
O movimento de entrada, em sua maioria, é formado por palestinos que estavam de férias ou trabalhando no Egito e em outro país, e voltaram para ficar com seus familiares neste momento de angústia e incerteza.
Além disso, também entram trabalhadores humanitários e ativistas, a maioria egípcios, que querem mostrar seu apoio aos palestinos.
Faraj Abu Ali cruzou a fronteira Gaza a pé nesta manhã carregando duas vasilhas cheias de azeite de oliva.
"Estava em El Arish (Sinai), mas volto para ficar com minha família", explica e assegura que "Israel faz guerra contra Gaza, contra gente que não tem nada". "O que será que eles pensam? Por acaso acham que nós temos aviões?", questiona.
Os funcionários da fronteira e os taxistas que têm contato com os viajantes confirmam que não deixa de entrar gente em Gaza.
"Por que o povo iria embora? A guerra não é algo novo para nós. Nós, palestinos, não vamos abandonar nossa terra, e se for preciso, morreremos aqui", assegura outro viajante, Marwan Abu Jali, que está a caminho de sua em Khan Yunes e que confia "no Hamas" para defender seu território dos ataques de Israel.
Jali espera que os israelenses não ataquem seu carro durante o caminho e prevê que, um vez em casa com sua família, não sairá até que o conflito acabe.
O taxista Ibrahim diz que "os palestinos não fogem desesperados", mas explica também que, com todas as instituições oficiais fechadas, a população não pode pedir ao Ministério do Interior as permissões necessárias para eles saírem de Gaza.
Mas alguns deixam o país mesmo assim. Uma família ucraniana-palestina, com três meninas e dois meninos, atravessou a fronteira nesta segunda rumo ao Egito.
"Vamos embora por medo. Os israelenses nos deixam loucos com as bombas, não podemos mais aguentar isso", diz a mãe.
Porém, seu marido ficará em Gaza, já que é médico do Hospital de Shifa e, neste momento, com mais de 750 feridos e 100 mortos em seis dias, os centros médicos precisam contar com a ajuda de todos.
As ambulâncias, por sua vez, têm permissão para deixar a Faixa de Gaza com feridos em estado grave para serem tratados em hospitais equipados para atendê-los.
O jovem Abu Youssef, de 36 anos, ferido ontem em um bombardeiro sobre o campo de refugiados Al Burej, cruzou em uma ambulância para o hospital Arish, no Egito. O jovem teve uma perna amputada e apresentava diversos ferimentos no rosto.
A estrada entre Rafah e a capital de Gaza, ao contrário do habitual, quase não apresentava tráfego e a zona parecia tranquila.
A poucos quilômetros ao oeste da fronteira, no entanto, era possível observar os bombardeios na área de concentração de túneis de contrabando utilizados para entrada de produtos de todos os tipos e também, para entrada de armas utilizadas pelas milícias.
Os túneis foram um dos alvos mais atacados desde o começo da ofensiva israelense. Só na noite de ontem, as Forças de Defesa de Israel asseguravam ter bombardeado 40 túneis da zona em questão, local onde o acesso é restrito.
Embora a ofensiva militar tenha feito diminuir a atividade nos túneis, muitos seguem funcionando e ainda entram muitos produtos através deles, sobretudo gasolina egípcia.
Rafah (Gaza) - A passagem de Rafah, na fronteira com o Egito , principal ponto de abastecimento do Hamas e reduto de grupo islamita foi, junto com o norte da Faixa, um dos alvos mais bombardeados pela aviação israelense nos últimos dias, em operação chamada de "Pilar Defensivo".
Nas ruas da Rafah, enfeitadas com bandeiras verdes do Hamas, pretas do Jihad Islâmica e cartazes com fotos de mártires e líderes islâmicos e das milícias palestinas, já morreram 16 pessoas por conta dos ataques israelenses.
"Chegam, a cada dia, mais de 20 feridos e um ou dois mortos. A maioria é formada por civis e muitos perderam um braço ou uma perna", afirmou à Agência Efe um empregado do hospital Youssef Il Najjar, que explica que no local os feridos recebem o primeiro atendimento e os que apresentam casos mais graves, são transferidos a outros hospitais.
Em um dos quartos está internado Awadala Mohamed Edwan, com uma perna enfaixada e uma cara de dor. "Estava caminhando pela rua, quando caiu uma bomba. Israel mente, disparam contra civis, contra crianças e contra mulheres. Eles são desumanos", disse.
Em um quarto próximo ao de Edwan há outro ferido, que trabalha com construção e tem 32 anos, com o braço direito fraturado e ferimentos nas costas.
Segundo narra, a vítima estava perto de sua casa, caminhando em direção a seu carro, quando um avião israelense lançou um míssil contra um homem que circulava em uma moto. "Fui ferido pelos estilhaços. Caí no chão e não consegui levantar. Demoraram para me ajudar porque não havia ninguém por perto", lembra.
Faisa Ab Dilal, de 70 anos, também foi ferida quando estava em casa com seu filho, nora, e nove netos quando um projétil destruiu metade do imóvel, atingindo seu pé e fazendo perder muito sangue, explica.
"Por que dispararam contra a minha casa? Estávamos ali, sentados...todas as crianças saíram correndo e gritando", comentou.
Ao contrário do que se possa imaginar, a fronteira entre Gaza e Egito tem mais movimento de entrada no território islâmico do que de saída.
O movimento de entrada, em sua maioria, é formado por palestinos que estavam de férias ou trabalhando no Egito e em outro país, e voltaram para ficar com seus familiares neste momento de angústia e incerteza.
Além disso, também entram trabalhadores humanitários e ativistas, a maioria egípcios, que querem mostrar seu apoio aos palestinos.
Faraj Abu Ali cruzou a fronteira Gaza a pé nesta manhã carregando duas vasilhas cheias de azeite de oliva.
"Estava em El Arish (Sinai), mas volto para ficar com minha família", explica e assegura que "Israel faz guerra contra Gaza, contra gente que não tem nada". "O que será que eles pensam? Por acaso acham que nós temos aviões?", questiona.
Os funcionários da fronteira e os taxistas que têm contato com os viajantes confirmam que não deixa de entrar gente em Gaza.
"Por que o povo iria embora? A guerra não é algo novo para nós. Nós, palestinos, não vamos abandonar nossa terra, e se for preciso, morreremos aqui", assegura outro viajante, Marwan Abu Jali, que está a caminho de sua em Khan Yunes e que confia "no Hamas" para defender seu território dos ataques de Israel.
Jali espera que os israelenses não ataquem seu carro durante o caminho e prevê que, um vez em casa com sua família, não sairá até que o conflito acabe.
O taxista Ibrahim diz que "os palestinos não fogem desesperados", mas explica também que, com todas as instituições oficiais fechadas, a população não pode pedir ao Ministério do Interior as permissões necessárias para eles saírem de Gaza.
Mas alguns deixam o país mesmo assim. Uma família ucraniana-palestina, com três meninas e dois meninos, atravessou a fronteira nesta segunda rumo ao Egito.
"Vamos embora por medo. Os israelenses nos deixam loucos com as bombas, não podemos mais aguentar isso", diz a mãe.
Porém, seu marido ficará em Gaza, já que é médico do Hospital de Shifa e, neste momento, com mais de 750 feridos e 100 mortos em seis dias, os centros médicos precisam contar com a ajuda de todos.
As ambulâncias, por sua vez, têm permissão para deixar a Faixa de Gaza com feridos em estado grave para serem tratados em hospitais equipados para atendê-los.
O jovem Abu Youssef, de 36 anos, ferido ontem em um bombardeiro sobre o campo de refugiados Al Burej, cruzou em uma ambulância para o hospital Arish, no Egito. O jovem teve uma perna amputada e apresentava diversos ferimentos no rosto.
A estrada entre Rafah e a capital de Gaza, ao contrário do habitual, quase não apresentava tráfego e a zona parecia tranquila.
A poucos quilômetros ao oeste da fronteira, no entanto, era possível observar os bombardeios na área de concentração de túneis de contrabando utilizados para entrada de produtos de todos os tipos e também, para entrada de armas utilizadas pelas milícias.
Os túneis foram um dos alvos mais atacados desde o começo da ofensiva israelense. Só na noite de ontem, as Forças de Defesa de Israel asseguravam ter bombardeado 40 túneis da zona em questão, local onde o acesso é restrito.
Embora a ofensiva militar tenha feito diminuir a atividade nos túneis, muitos seguem funcionando e ainda entram muitos produtos através deles, sobretudo gasolina egípcia.