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Premiê britânica inaugura a diplomacia da era Trump

A visita de May é vista como um êxito diplomático do Reino Unido, onde a ideia de que existe uma "relação especial" com Washington segue vigente

Theresa May: Trump é um dos poucos líderes mundiais que expressou seu apoio ao Brexit (Paul Hackett / Reuters)
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AFP

Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 11h09.

A primeira-ministra britânica, Theresa May , será nesta sexta-feira a primeira líder internacional a se reunir com Donald Trump desde sua posse, com a intenção de forjar uma aliança para a fase pós-Brexit no Reino Unido.

A visita é apresentada como um êxito diplomático do Reino Unido, onde a ideia de que existe uma "relação especial" com Washington segue vigente, e será observada com lente de aumento pelo resto do mundo como outro passo na formação da política externa do novo presidente americano.

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"Tenho o prazer de ser a primeira líder a ser recebida pelo presidente Trump. É um sinal da força de nossa 'relação especial'", afirmou May ao Parlamento na quarta-feira.

Trump é um dos poucos líderes mundiais que expressou seu apoio ao Brexit, em que vê paralelos com sua campanha eleitoral, e ofereceu-se para chegar a um acordo comercial com o Reino Unido, palavras muito bem recebidas por May, que na semana passada admitiu que seu país não permanecerá no mercado único europeu.

O governo britânico, inclusive, publicou nesta quinta o projeto de lei para iniciar a saída do Reino Unido da União Europeia.

Este breve projeto de lei permitirá aMay receber a permissão do Parlamento para ativar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, ponto de largada de dois anos de negociações para abandonar o bloco.

Protecionismo Trump, um obstáculo

Mas os analistas apontam que o protecionismo de Trump e seu lema "Estados Unidos em primeiro lugar" não favorecem a promessa de May de transformar o Reino Unido em um campeão mundial do livre comércio.

"Há simpatia nacional em relação a Trump no Reino Unido por causa do Brexit", explicou Stephen Burman, professor de política americana na Universidade inglesa de Sussex.

"Mas, para mim, 'Os Estados Unidos em primeiro lugar' e 'Reino Unido global' são lemas contraditórios", acrescentou. "Isso não mudará por causa de uma visita".

Também há os comentários de Trump sobre as mulheres, que May considerou "inaceitáveis".

"Quando acontecer algo que seja inaceitável, direi a Donald Trump", assegurou May, em entrevista à BBC.

May viaja nesta quinta para os Estados Unidos e se reunirá com os líderes republicanos na Filadélfia (nordeste), antes de viajar a Washington para sua visita à Casa Branca na sexta.

Embora a primeira-ministra espere manter negociações "preliminares" para um acordo comercial, a UE avisou que Londres não pode começar discussões formais até que abandone totalmente o bloco.

Além disso, os especialistas advertem que levarão anos para completar qualquer acordo.

De qualquer forma, a primeira-ministra, que prometeu iniciar os dois anos de negociações de ruptura em março, já abordou a questão dos acordos comerciais com Índia, Austrália e Nova Zelândia, e, depois dos Estados Unidos, viajará à Turquia.

No caso particular dos Estados Unidos, as principais incógnitas são se Washington estará disposto a diminuir os impostos aos automóveis britânicos e aceitar diferentes padrões agrícolas.

Seduzir os EUA sem ofender a UE

As palavras de Trump definindo como "obsoleta" a aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) são outra fonte de inquietação para Londres.

May falou no domingo com o máximo responsável da Otan, o secretário-geral Jens Stoltenberg, e prometeu que reiterará a Trump a importância da aliança na defesa nacional.

"Nas negociações que a primeira-ministra já manteve com o presidente Trump, apontou seu compromisso com a Otan", disse a porta-voz de May.

As críticas de Trump à UE - aconselhou outros países a seguirem o exemplo britânico e irem embora - também coloca May em uma posição difícil, porque "não quer incomodar seus aliados europeus antes de enfrentar negociações tão importantes", disse Quentin Peel, da organização de análises Chatham House.

"Ao mesmo tempo, quer dizer a sua audiência doméstica que abandonar os europeus não é um desastre completo porque 'tenho os americanos'", acrescentou.

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