Centro de Lisboa: é a 1ª vez que Portugal promete cumprir vencimentos da dívida (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2011 às 22h39.
Lisboa - O Estado português garante que cumprirá seus compromissos financeiros, afirmou nesta quarta-feira o ministério das Finanças, respondendo assim às preocupações dos mercados quanto à eventual incapacidade de fazer frente aos vencimentos da dívida previstos para meados de junho.
Em uma nota publicada pouco depois de captar um bilhão de euros em bônus da dívida em curto prazo, marcados por juros recorde, o ministério das Finanças afirma que esta emissão "confirmou a deterioração das condições financeiras provocadas pela recusa por parte do parlamento do novo programa de austeridade do governo".
Esta recusa provocou a renúncia do primeiro-ministro, o socialista José Sócrates, em 23 de março, apesar de continuar encarregado dos assuntos correntes até a entrada em função do novo governo que sair das urnas em 5 de junho.
"Os tipos de juros atuais permitem concluir que os danos causados pela recusa do programa são irreparáveis", afirma o ministério de Finanças, que assegura que o Estado garante que "cumprirá seus compromissos financeiros previstos".
Lisboa deve reembolsar nove bilhões de euros de dívida até meados de junho.
É a primeira vez que o governo português assegura publicamente que poderá fazer frente a esses vencimentos.
Portugal captou nesta quarta-feira mais de um bilhão de euros com emissões de títulos em curto prazo marcadas por uma forte alta das taxas de juros e uma forte demanda, no momento em que muitos investidores temem que o país da Eurozona se veja obrigado a reestruturar a dívida.
As captações totalizaram 1,005 bilhão de euros, anunciou o Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP). As emissões pretendia alcançar 750.000 e um bilhão de euros.
Uma das emissões, de 455 milhões de euros a 12 meses, foi absorvida a uma taxa de juros de 5,902%, bem acima dos 4,331% de uma operação similar em 16 de março.
Mesmo assim, a taxa ficou abaixo da previsão dos analistas, de 6% a 6,25%.
A demanda superou em 2,6 vezes a oferta.
A outra emissão, a seis meses, captou 550 milhões de euros, com taxas a 5,17%, muito superiores aos 2,984% exigidos pelo mercado em uma operação similar em 2 de março. Esta demanda de títulos superou em 2,3 vezes o nível da oferta.
As emissões aconteceram sob forte pressão, depois que as agências Moody's, Fitch e Standard and Poor's rebaixaram a nota da dívida de Portugal.