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Portugal flexibiliza medidas, mas teme pela temporada de turismo

Turismo representa mais de 10% do PIB do país, que perdeu 75% dos visitantes em 2020 — quase 17 milhões a menos

Moradora de Lisboa de máscara em 22 de setembro de 2020 (Agência France-Presse/AFP)
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AFP

Publicado em 2 de maio de 2021 às 12h22.

Portugal entrou neste fim de semana na fase final do plano para o fim do confinamento, mas até que os turistas estrangeiros retornem ao país muitos temem uma segunda temporada de prejuízos no verão.

"Tenho a sensação de começar do zero", afirma Judite Gomes, que não reabriu imediatamente o seu restaurante em Alfama, o bairro mais emblemático da parte antiga de Lisboa.

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Como "no início serão poucos clientes", a empresária, de 63 anos, prefere aguardar até segunda-feira reabrir dois dos três estabelecimentos que possui na mesma rua do bairro.

Ela decidiu começar com a abertura do restaurante de cozinha típica e a casa do fado, enquanto sua loja de artesanato permanecerá fechada.

Com um grande molho de chaves nas mãos, ela vai de um lugar para outro, seja para limpar, arrumar as mesas ou revisar a disposição para respeitar as novas regras de distanciamento.

Depois de ser obrigada a demitir 10 dos 13 funcionários que tinha antes da pandemia, ela agora aposta em uma clientela mais local, o que significa uma redução dos preços.

Em 2020, Portugal, onde o turismo representa mais de 10% do PIB, perdeu 75% dos turistas, quase 17 milhões dos visitantes. Apenas a cidade de Lisboa registrou perda de 76% da receita durante o ano passado.

E, com o confinamento do início do ano, o número de diárias registradas nos hotéis caiu 80% no primeiro trimestre. No mesmo período, o PIB de Portugal recuou 5,4% em ritmo anual, sobretudo por causa da "importante redução do turismo estrangeiro", anunciou na sexta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

"O setor atravessou o período mais difícil de sua história", afirma a Associação de Hotéis, Restaurantes e Estabelecimentos Similares de Portugal (AHRESP).

A associação recebeu com satisfação a decisão do governo de de iniciar no sábado, dois dias antes do previsto, a última etapa do desconfinamento, em particular com a reabertura da fronteira terrestre com a Espanha ou a ampliação do horário de funcionamento de cafés e restaurantes.

"Esta decisão vai representar um novo estímulo ao setor", completou a AHRESP em um comunicado.

Mas as restrições de viagens para Portugal, que autoriza apenas os deslocamentos considerados "essenciais", foram prorrogados até meados de maio, no mínimo, anunciou o governo.

Para tentar salvar a temporada turística, Portugal, que ocupa a presidência da União Europeia, defende a rápida aprovação de um passaporte de saúde que facilite as viagens dentro da UE.

O certificado sanitário europeu, que superou uma etapa importante na quinta-feira depois de ser validado pelos eurodeputados, continua em negociações, mas Bruxelas deseja que entre em vigor até o fim de junho.

Em Alfama, o retorno dos turistas estrangeiros é crucial para empresários tradicionais e para alguns investidores, que, apesar da pandemia, decidiram prosseguir com seus projetos.

Este é o caso de um hotel de luxo que deve ser inaugurado em junho em uma antiga mansão reformada. "Estamos convencidos de que os turistas voltarão", declarou à AFP o diretor do empreendimento, Luis Casqueira. "Depois do período de confinamento, as pessoas desejarão viajar".

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