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Por que Taiwan prefere gastar bilhões a negociar com Musk por uma rede de satélites?

Rede poderia ser uma opção para a ilha, que vive em tensão com a China, com ataques cibernéticos e incursões pelo Exército da Libertação do Povo.

Elon Musk: bilionário já fez comentários endossando a posição do Partido Comunista Chinês sobre Taiwan (Jordan Vonderhaar/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 15 de março de 2024 às 08h16.

Em Taiwan, o governo está tentando completar uma tarefa que nenhum outro país ou empresa conseguiu: construir uma alternativa ao Starlink, o serviço de internet via satélite operado pela empresa de foguetes de Elon Musk, SpaceX.

A rede da Starlink já se mostrou eficiente para serviços essenciais como energia e atendimento médico, mesmo em situações de emergência, como durante a guerra da Ucrânia, na qual o país invadido contou com a sua estrutura.

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A rede poderia ser uma opção para a ilha de Taiwan, que vive em tensão com a China, com ataques cibernéticos e incursões pelo Exército da Libertação do Povo.

Leia também: Hackers roubam dados sensíveis de empresa de telecomunicações de Taiwan

Atualmente, a ilha já enfrenta problemas de conectividade: os cabos de fibra óptica que a conectam à internet sofreram cerca de 30 rompimentos desde 2017, na maioria das vezes devido a âncoras arrastadas pelos navios na área.

No entanto, também pesam as relações de Musk com a China. O bilionário faz negócios com o país por meio da Tesla, sua empresa de carros elétricos, que tem uma fábrica em Xangai. Ele também já fez comentários endossando a posição do Partido Comunista Chinês sobre Taiwan.

“A guerra Ucrânia-Rússia nos fez refletir profundamente”, disse Liao Jung-Huang, diretor do Instituto de Pesquisa em Tecnologia Industrial patrocinado pelo governo, ao jornal New York Times. “Mesmo que o custo para construí-lo seja alto, em um cenário especial, o valor de ter nossa própria constelação é ilimitado.”

A Starlink passou cinco anos lançando milhares de satélites para o que é conhecido como órbita terrestre baixa, uma zona muito mais próxima do que onde os satélites de comunicação tradicionais voam, começando aproximadamente a 100 milhas acima da Terra. Os satélites enviam sinais para terminais no solo, e estar em uma faixa mais próxima torna o sinal mais rápido.

Construir uma infraestrutura semelhante custará tempo e bilhões de dólares a Taiwan. Exemplo da dificuldade da empreitada é o esforço da Amazon, do também bilionário Jeff Bezos, em competir com a Starlink, que só tem satélites ativos orbitando a Terra.

O governo de Taiwan disse que queria enviar seu primeiro satélite de comunicação à órbita até 2026, com um segundo até 2028. A presidente Tsai Ing-wen prometeu US$ 1,3 bilhão para o programa espacial de Taiwan para desenvolver o melhor desses testes em uma rede de internet via satélite inteiramente feita e controlada de Taiwan.

Enquanto a rede está sendo desenvolvida, o governo de Taiwan fez acordos para acesso a redes de satélite existentes. Em agosto, tornou-se parceiro da empresa luxemburguesa SES, e em novembro, Chunghwa Telecom anunciou uma parceria com a europeia Eutelsat OneWeb. As parcerias podem fornecer camadas de backup mesmo depois que Taiwan colocar sua própria rede em funcionamento.

Mais de 40 empresas taiwanesas estão fabricando peças na cadeia de suprimentos de satélites. Entre os desafios que Taiwan enfrenta está o custo dos foguetes que lançam os satélites. A maioria dos foguetes só pode ser usada uma vez e requer enormes quantidades de combustível.

Todos os satélites taiwaneses que foram ao espaço de 2005 a 2016 foram lançados nos Estados Unidos, disse Yen-Sen Chen, fundador da empresa de lançamento de foguetes TiSpace, que passou mais de uma década no antecessor da Agência Espacial de Taiwan.

No ano passado, satélites de pesquisa e meteorológicos taiwaneses foram lançados pela empresa francesa Arianespace, bem como pela SpaceX.

As autoridades da ilha até conversaram com a SpaceX para o lançamento de seus satélites. Mas Musk não aceitou a exigência de que qualquer entidade estrangeira envolvida em infraestrutura de comunicação seja uma joint venture com um parceiro local que teria a maioria das ações. O Sr. Musk considerou isso "totalmente inaceitável", disse Hsu Chih-hsiang, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Defesa Nacional e Segurança.

Ao ser perguntado sobre as perspectivas de qualquer colaboração com a SpaceX, o Ministério de Assuntos Digitais de Taiwan disse em um comunicado por e-mail ao New York Times que "avaliaria a possibilidade de cooperação" com qualquer operadora de satélite, desde que a operadora estivesse "em conformidade com as regulamentações de segurança nacional e informações de Taiwan."

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