Segundo Lula, governo Dilma tem que ser "à cara e à semelhança" dela (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2010 às 14h52.
Uma comparação entre as duas últimas eleições presidenciais mostra que nas eleições deste ano o PT perdeu mais de 1,5 milhão de votos em oito Estados em que não lançou candidatos a governador para apoiar peemedebistas.
O fracasso da estratégia aliancista, imposta pelo comando nacional do PMDB como condição para apoiar a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, ocorreu mesmo onde a petista venceu, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo a partir dos números dos segundos turnos de 2006, quando os dois partidos não se coligaram, e 2010, quando a aliança foi formal. Somados, os dois Estados deram a Dilma, este ano, 1.186.584 de votos a menos em relação ao pleito anterior, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito.
O argumento de que era indispensável ceder, em alguns Estados, a cabeça de chapa ao PMDB foi brandido dentro e fora do PT para levar os petistas à aliança - em 2006, os peemedebistas só apoiaram Lula no segundo turno. Por isso, o Palácio do Planalto e a direção nacional petista pressionaram duramente algumas das seções estaduais do partido, como a fluminense e a mineira, para que não lançassem candidatos próprios a governador e apoiassem o PMDB. No Rio, a pré-candidatura de Lindberg Farias a governador foi descartada a pedido do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) que queria a reeleição. Em Minas, o PT nacional impôs o apoio a Hélio Costa (PMDB).
Embora tenham se dado em um cenário de recuo do voto petista em todo o País em relação à eleição anterior, os resultados de 31 de outubro mostraram o limite dessa estratégia. No Rio, onde, no primeiro turno de 2006, o presidente Lula tinha como candidatos a governador Marcelo Crivella (PRB) e Vladimir Palmeira (PT), ele teve, no segundo - quando Cabral Filho o apoiou - 69,68% da votação, 5.532.584 dos votos.
Em 2010, com a coalizão com o PMDB desde o primeiro turno - e sem outros candidatos do campo governista na disputa - Dilma conseguiu 60,48%, 4.933.926 votos, uma queda de 598.658. Em Minas Gerais, onde o PMDB deu o vice da chapa petista de Nilmário Miranda em 2006, Lula teve, no segundo turno daquele ano, 6.808.417 votos (65,19%). Quatro anos depois, com Costa, Dilma teve em segundo turno 6.220.125 votos (58,45%). O recuo foi de 588.292.