População de rinocerontes brancos cai para 6 animais
Possibilidades de sobrevivência do rinoceronte branco, uma das espécies castigadas pela caça, são quase inexistentes
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2014 às 08h09.
Nairóbi - O rinoceronte branco está no limite de sua extinção após a morte de Suni, um dos sete exemplares que restavam no mundo.
As possibilidades de sobrevivência desta espécie, castigada pela caça ilegal, são quase inexistentes.
Suni tinha 34 anos e era o primeiro rinoceronte branco do norte nascido em cativeiro no zoológico Dvur Kralove, na República Tcheca, mas desde 2009 vivia no parque de conservação Ol Pejeta, no Quênia, junto a outro macho e duas fêmeas.
Os guardas do parque o encontraram morto e embora os veterinários não tenham revelado a causa, descartaram que tenha sido vítima da caça ilegal, uma prática que está acabando com a população de rinocerontes e elefantes no continente africano.
Apesar de Suni não ter sido assassinado pela ambição por seus valiosos chifres, o homem teve um triste protagonismo na atual situação da espécie, já que milhares de rinocerontes morreram nos últimos anos devido às qualidades curativas e sexuais que são atribuídas às "poções mágicas" feitas com este material.
"Sendo realistas, agora há poucas esperanças de salvar o rinoceronte branco do norte como espécie, apesar das novas técnicas genéticas que podem ajudar a resgatá-los no futuro", explicou à Agência Efe Richard Vigne, diretor do Ol Pejeta.
Agora, após a morte do animal, só restam seis rinocerontes brancos no planeta e apenas um deles é macho, motivo pelo qual suas possibilidades de reprodução são poucas.
"A espécie se situa na beira da extinção completa, um lamentável testemunho da cobiça da raça humana", alertou o Ol Pejeta.
Nos anos 90, tanto o rinoceronte branco como o negro já estiveram à beira da extinção devido à caça furtiva. Então, a União Internacional para a Conservação da Natureza classificou como quase ameaçado o primeiro e em perigo crítico o segundo.
A caça ilegal é a principal ameaça para os dois tipos de rinoceronte que vivem na África : o branco ( Ceratotherium simum ) e o negro ( Diceros bicornis ). Deste último, há cerca de dois mil exemplares que vivem em estado selvagem no continente, segundo Vigne.
Apesar disso, os especialistas do Ol Pejeta asseguram que seguirão fazendo todo o possível para trabalhar com os três animais que estão na reserva, com a esperança de que seus esforços "consigam que um dia nasça um filhote branco".
A taxa de natalidade desta espécie tem níveis muito precários, inclusive nas zonas onde estão protegidos, porque, após um período de gestação de um ano e meio, nasce apenas um filhote, que a fêmea amamenta durante pelo menos dois anos, período após o qual pode voltar a engravidar.
Além destas dificuldades naturais, o ser humano foi decisivo na hora de colocá-lo à beira da extinção.
"Os seres humanos estão causando a extinção de muitas espécies e isto é um indicativo da forma insustentável com a qual seguimos explorando nosso planeta", advertiu Vigne.
O tráfico de marfim e chifre de rinoceronte é uma grande preocupação no leste da África, onde Quênia e Tanzânia são os principais países de saída destes produtos, que depois são levados para China, Tailândia e Vietnã.
As máfias asiáticas compram os chifres roubados para vendê-los a um preço muito elevado nestes países, onde elaboram com eles "poções" supostamente curativas e afrodisíacas muito populares entre a população local.
Em 2013, mais de 50 toneladas de marfim foram vendidas ao redor do mundo, um recorde histórico segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, em inglês), que detalha que os caçadores ilegais passaram de uma atividade descentralizada para se tornarem profissionais dentro de redes organizadas internacionalmente.
Cobiçados sobretudo por caçadores devido ao alto preço de sua pele e por terem suas partes utilizadas na medicina asiática, a maioria desses animais vive em bolsões isolados espalhados por florestas cada vez mais fragmentadas. Segundo cientistas, três subespécies - o de Bali, do Mar Cáspio, e o tigre de Java - já se extinguiram no século 20.
Muitos pesquisadores acreditam que um quarto, o tigre do Sul da China, já está "funcionalmente extinta". Em toda a China, existem apenas 50 tigres, enquanto há meio século o número ultrapassava os 4.200. Segundo a WWF, se tirarmos esses predadores do topo da pirâmide alimentar, todo o sistema poderá colapsar.
Nas próximas quatro décadas, os gigantes da neve vão perder 42% da área que têm à disposição para viver durante o verão. Os ursos polares dependem do gelo que flutua à superfície da água do mar para descansar, procurar alimento e cuidar das suas crias.
De acordo com o World Conservation Union, atualmente há entre 20 mil e 25 mil ursos polares no Ártico, ameaçados pela poluição, pela caça, pelo desenvolvimento de cidades, pelo turismo e, principalmente pelo degelo.
A maior das tartarugas marinhas é também a mais ameaçada. Um declínio global de 78% em 14 anos levou a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) a incluir a espécie na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas com o estatuto de "Criticamente Ameaçada".
Estimativas indicam que a população desta espécie seja de apenas 2,3 mil exemplares. As ameaças são inúmeras e vão desde a ingestão acidental de plástico e pesca acidental, à caça ilegal e destruição intencional de ovos.
A falta de controle no processo levou a pesca desse espécie marinha à beira do colapso em todos os oceanos do mundo. Tanto que, no começo do ano, a ONU propôs o fim da exportação do peixe, que viu sua população cair mais de 80% desde o século 19.
Durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (COP 10/CDB), que acontece em Nagoia, no Japão, os líderes de diversos países - incluindo o Japão, o maior consumidor de frutos do mar do mundo - devem determinar a ampliação de áreas oceânicas onde serão proibidas a pesca e as atividades industriais com o objetivo de ajudar os oceanos a restaurarem seus estoques marinhos.
Essas áreas são palco de conflito humano permanente que se repercute na perda dos habitats naturais e na caça ilegal do gorila da montanha. Algumas iniciativas isoladas têm possibilitado o aumento dessa população nos últimos anos, mas a espécie ainda corre grande perigo. Este animal, que vive aproxidamente 35 anos, possui um período de gestação de 250 até 270 dias, e o número de crias que dá é de apenas uma, sendo muito raro terem gêmeos.
Tempestades atípicas podem afetar a população de insetos, já que é naquela região que se inicia o ciclo biológico da espécie. Segundo a organização Nature Conservancy, o número de borboletas que chegou ao México para passar o inverno, depois de uma migração de 3200 quilômetros, foi o menor já registrado.
As que conseguem sobreviver à viagem turbulenta, se deparam com outro problema: o bosque de Oyamel, no México, considerado seu habitat característico, embora localizado em uma reserva declarada Patrimônio Mundial pela Unesco, sofre com incêndios florestais, desmatamento ilegal, pragas e doenças florestais.
Mesmo protegidos nas reservas, ainda correm risco devido à perda da diversidade genética, doenças e caça ilegal. Em maio deste ano, restos de um rinoceronte Java foram encontrados na reserva do Vietnã. O animal teve o seu chifre arrancado.
Moído, o chifre do rinoceronte é vendido a centenas de dólares por grama no mercado negro para ser usado na medicina asiática. A expansão das plantações também tem acabado com as florestas que abrigam o animal.
De acordo com a ONG, o habitat natural do panda gigante tem se dividido em pequenos territórios, o que dificulta o encontro entre diferentes populações de animais para a reprodução. Os pandas fêmeas dão à luz uma vez por ano. Na maioria das vezes, nascem apenas duas crias.