O Peru regulamenta a venda e o porte de armas sob licença e em casos excepcionais (Rodrigo Buendia/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 14 de março de 2024 às 07h02.
A polícia do Peru anunciou, nesta quarta-feira, 13, que desmantelou uma rede dedicada ao tráfico de armas para o mercado interno e o Equador, país assolado pela violência de gangues do narcotráfico.
Durante uma operação em Piura e Tumbes, províncias fronteiriças com o Equador, foram capturadas 18 pessoas e apreendidas 270 armas curtas e longas.
As autoridades peruanas não descartam que uma das armas vendidas pela organização "Los Abastecedores de Lima y Callao" no Equador possa ter sido usada no assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, em agosto de 2023.
"A informação que o Ministério Público para o Crime Organizado tem, juntamente com nossa polícia, é que uma dessas armas que saiu justamente desta empresa teria sido usada no assassinato do ex-candidato presidencial do Equador", disse o promotor Jorge Chávez à imprensa.
A autoridade assinalou que "as armas eram oferecidas no mercado clandestino, tanto no país como no exterior, principalmente no Equador", acrescentou a autoridade.
A organização adquiria algumas dessas armas em lojas autorizadas utilizando "laranjas".
Segundo a polícia, a gangue recrutava "pessoas de recursos econômicos escassos para que solicitassem licenças para uso de armas, depois as compravam, as transferiam para outras pessoas ou denunciavam o roubo ou furto das armas de fogo adquiridas".
Segundo a Superintendência de Controle de Armas, Munições e Explosivos (Sucamec), a gangue também utilizava suas próprias empresas de fachada.
"Existem muitas casas de comércio que foram criadas com o propósito de serem abastecedoras do mercado clandestino, e a fachada era a venda legal de armas", disse à AFP Ronald Rejas, titular da Sucamec durante uma entrevista coletiva onde foi exibido o armamento apreendido.
"O Equador não vendia armas a seus concidadãos e a melhor forma de adquiri-las era pelo contrabando" procedente do Peru, explicou.
O Peru regulamenta a venda e o porte de armas sob licença e em casos excepcionais.
Em fevereiro, o chefe de investigação criminal da polícia peruana indicou que autoridades equatorianas haviam confirmado que uma das armas usadas no assassinato de Villavicencio tinha registro peruano.
"Os policiais equatorianos nos informaram que pelo menos uma das armas que foram utilizadas para cometer este crime execrável tinha registro nacional [do Peru]", disse em um programa de televisão o general Carlos Céspedes.