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Pistorius apela a trauma e projetos para evitar prisão

A defesa de Oscar Pistorius apelou ao "trauma" pelo qual passou o atleta ao matar a namorada e também aos projetos de caridade que participou

O atleta Oscar Pistorius: atleta foi declarado culpado de homicídio (REUTERS/Kim Ludbrook/Pool)
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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 13h48.

Pretória - A defesa de Oscar Pistorius apelou nesta segunda-feira ao "trauma" pelo qual passou o atleta ao matar "por engano" a namorada e também aos vários projetos de caridade dos quais participou ao longo da carreira para evitar a prisão, no primeiro dia da julgamento oral que decidirá sua sentença.

O atleta foi declarado culpado de homicídio por matar a disparos a modelo Reeva Steenkamp. As possíveis penas pelo crime vão desde uma sentença suspensa, que o deixaria em liberdade, a uma condenação máxima de 15 anos de prisão.

A audiência para decidir a sentença, realizada no Tribunal Superior de Pretória, inclui o depoimento de especialistas propostos pela Promotoria e do advogado de Pistorius. Com base nas declarações, as duas partes vão propor à juíza Thokozile Masipa a decisão que considerarem apropriada.

Os advogados do atleta convocaram três testemunhas para depor nesta segunda-feira. A primeira foi a psicóloga Lore Hartzenberg, que acompanhou Pistorius desde o crime, ocorrido na madrugada do dia 14 de fevereiro de 2014 em sua casa, em Pretória.

Hartzenberg disse que Pistorius é um "homem acabado, que perdeu tudo", desde a carreira até os amigos, além de ver sua situação econômica muito prejudicada devido à perda de patrocinadores.

"Sua oportunidade de se recuperar foi destruída pelas informações da imprensa maldosa e pelos comentários públicos", afirmou Hartzenberg, que enfatizou a "dor" demonstrada constantemente por seu paciente devido à perda de Steenkamp e ao dano causado à família da namorada.

Quem também foi chamado pela defesa foi o representante do atleta, Peet van Zyl. Além de confirmar as perdas econômicas de Pistorius, o agente detalhou o longo histórico de iniciativas sociais e projetos de caridade com a participação do atleta.

"Pistorius era um ícone esportivo global antes do tiroteio, alguém que promovia a sensibilização em muitos aspectos, sem remuneração", declarou.

Antes de Van Zyl, o assistente social Joel Maringa recomendou que o atleta não seja encaminhado à prisão e cumpra uma pena de três anos de prisão domiciliar e trabalhos sociais.

O funcionário dos Serviços Correcionais propôs que Pistorius passe três anos sob "supervisão correcional" em seu domicílio. Durante esse tempo, seria proibido beber álcool e deveria realizar trabalhos sociais dois dias ao mês.

Maringa argumentou que Pistorius não foi condenado por outro delito antes e considerou que o "trauma" sofrido pelo ocorrido é um castigo a si próprio. O promotor Gerrie Nel considerou "surpreendentemente inadequada" a proposta de Maringa e o recriminou por não saber o veredicto de Masipa.

A magistrada tornou público seu veredicto, no dia 12 de setembro, no qual descartou condenar Pistorius por assassinato, como pedia o promotor, ao considerar que o acusado não poderia prever a morte de Steenkamp quando abriu fogo.

Masipa aceitou a versão de Pistorius sobre os fatos. O atleta afirma que disparou ao confundir a sua namorada com um ladrão que teria entrado em sua casa.

No entanto, o tribunal concluiu que Pistorius agiu com negligência, já que tinha alternativas que teriam evitado a morte da modelo.

Oscar Pistorius viveu o maior momento da carreira ao competir em Londres 2012, quando tornou-se o priemiro atleta com as duas pernas amputadas a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos.

São Paulo - Nesta quinta-feira, a Nike anunciou em comunicado oficial a suspensão do seu contrato de patrocínio com o atleta olímpico e paralímpico Oscar Pistorius, acusado de matar a namorada a tiros. Patrocinadora do sul-africano desde 2007, a empresa está sendo lembrada novamente de que associar a reputação de sua companhia ao nome de estrelas é um negócio arriscado. Não é que não haja exemplos entre as marcas - a Nike também era apoiadora de outros nomes envolvidos em escândalos recentes, como Lance Armstrong e Tiger Woods. Confira esses e outros casos de apoio a atletas que acabaram criando ricochetes na publicidade .
  • 2. Oscar Pistorius

    2 /10(Siphiwe Sibeko/Reuters)

  • Veja também

    A marca de material esportivo Nike e o fabricante de óculos Oakley romperam vínculos com o atleta, que é acusado de ter assassinado a tiros sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp. Só através da Nike, o atleta receberia quase dois milhões de dólares por ano pelo contrato. Um anúncio da marca comparando o corredor a uma bala de revolver foi retirado do ar logo depois do crime.
  • 3. Lance Armstrong

    3 /10(Spencer Platt/Getty Images)

  • O (antes) maior ciclista do mundo teve sua imagem de atleta destruída pelo uso do doping no fim do ano passado. O esportista foi banido eternamente e desclassificado de todos seus resultados obtidos desde agosto de 1998 por causa do uso e distribuição de substâncias proibidas. A Nike, a gigante de cervejas AB-Imbev, a Oakley e a Trek, fabricante das bicicletas usadas pelo ciclista, retiraram seus apoios.
  • 4. Tiger Woods

    4 /10(Getty Images)

    Quando a vida pessoal do golfista saiu do controle, Gatorade, AT&T, Accenture e a marca de relógios Tag Heuer cortaram laços com o atleta. No auge da carreira e apontado como um dos melhores golfistas de todos os tempos, Woods foi o protagonista de um escândalo sexual que envolveu numerosas amantes e rendeu desculpas públicas.
  • 5. Magic Johnson

    5 /10(Getty Images)

    Um dos maiores atletas dos anos 90 perdeu o apoio da Pepsi e da Converse logo após o anúncio de que havia contraído o vírus do HIV em 1991. Considerado o maior armador da história da NBA, o jogador de basquete se aposentou logo dapós o diagnóstico e tornou-se um conhecido porta-voz no combate à AIDS até os dias de hoje.
  • 6. O.J. Simpson

    6 /10(Getty Images)

    O ex-jogador de futebol americano foi pivô de um dos julgamentos mais famosos da década de noventa. Em 1994, ele foi acusado do assassinato de sua ex-mulher Nicole Brown e de seu amigo Ronald Goldman. Simpson foi absolvido após um longo julgamento, que recebeu grande destaque na mídia, e custou-lhe o patrocínio da Hertz.
  • 7. Wayne Rooney

    7 /10(Getty Images)

    Depois de ser flagrado traindo sua mulher (grávida na época) com prostitutas, o artilheiro do Manchester United perdeu os patrocínios da Coca-Cola e da Tiger Beer. Foi em 2010. Apenas com a Tiger, estima-se que o apoio rendia ao jogador 300 mil libras anuais.
  • 8. Kobe Bryant

    8 /10(Getty Images)

    O jogador de basquete dos Lakers, nos Estados, foi acusado de assédio sexual em 2003 pela funcionária de um hotel do Colorado. O atleta admitiu ser adúltero, mas não assumiu o crime, que foi retirado mais tarde - mas lhe custou um patrocínio do McDonald’s.
  • 9. Michael Vick

    9 /10(Wikimedia Commons)

    O jogador de futebol americano não apenas perdeu o patrocínio da Nike e da Rawling, como também foi preso. O crime: organizar rinhas de cachorros. O caso explodiu em 2007, quando descobriu-se que o atleta do Atlanta Falcons promovia brigas entre pitbulls num ringue.
  • 10. Ben Johnson

    10 /10

    O ex-velocista canadense era considerado o homem mais rápido do mundo na década de 80. Mas viu todo o brilho da fama se esvair, e perdeu sua medalha de ouro das Olimpíadas de 1988. O motivo? Foi pego no teste de esteróides durante os Jogos Olímpicos daquele ano. O passo seguinte foi perder 2,8 milhões de dólares via contrato com a marca de artigos esportivos Diadora.
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