Paramédicos socorrem vítima da colisão de barcas em Hong Kong: trinta das vítimas morreram no local do acidente, enquanto outras oito faleceram em hospitais da cidade (Antony Dickson/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2012 às 10h25.
Hong Kong - Pelo menos 38 pessoas morreram e cerca de cem ficaram feridas no choque entre duas embarcações de passageiros em Hong Kong - um dos portos mais movimentados do mundo -, na pior tragédia marítima ocorrida na ex-colônia britânica nos últimos 40 anos.
O acidente aconteceu às 20h23 locais de segunda-feira (9h23 de Brasília) perto da ilha de Lamma, situada três quilômetros ao sudoeste da ilha de Hong Kong, quando uma balsa com mais de cem passageiros afundou em questão de minutos após colidir com um rebocador que transportava outra centena de pessoas.
A balsa se dirigia rumo ao movimentado porto Victoria de Hong Kong para presenciar os fogos de artifício por ocasião da celebração do Dia Nacional da China, enquanto o rebocador retornava desse mesmo local.
Segundo explicaram os sobreviventes, a balsa afundou em questão de dez minutos após a colisão, até ficar em uma posição de 90 graus com sua proa sobressaindo verticalmente fora de água (um deles o chegou a comparar com o naufrágio do "Titanic").
O rebocador sofreu danos em seu casco, mas conseguiu chegar ao porto sem problemas.
Dada a rapidez com a qual se desencadearam os eventos, alguns sobreviventes quase não tiveram tempo para colocar o colete salva-vidas, enquanto outros tiveram que quebrar as janelas da balsa para poder sair à superfície, segundo explicaram alguns deles à imprensa local.
Trinta das vítimas morreram no local do acidente, entre elas cinco crianças, enquanto outras oito faleceram nos cinco hospitais da cidade para os quais foram transferidos.
Durante a noite e a manhã de hoje foram resgatados pelo menos cem passageiros, enquanto continuam os trabalhos de resgate perante a impossibilidade de confirmar o número exato de pessoas que estavam na balsa submersa, segundo detalharam hoje fontes do governo local.
O acidente desdobrou um extenso trabalho de resgate, composto por navios, helicópteros, mergulhadores e mais de 200 bombeiros.
A pouca visibilidade e os numerosos obstáculos dentro da balsa (móveis e outras estruturas) dificultaram os trabalhos de resgate para levar as vítimas à superfície, informou um responsável do Corpo de Bombeiros. As mesmas fontes relataram que pelo menos um passageiro continua desaparecido.
Seis membros da tripulação das duas embarcações de passageiros envolvidas no acidente foram detidos hoje, confirmou o principal responsável de segurança de Hong Kong.
"Estão sendo investigados por pôr em perigo a vida das pessoas no mar", disse o ministro de Segurança, Lai Tung-kwok, em entrevista coletiva convocada um dia depois da colisão.
Três dos detidos são membros da tripulação da balsa, enquanto os outros três faziam parte da do rebocador. Os detidos eram os responsáveis de ambas embarcações no momento do acidente, explicou o chefe da polícia de Hong Kong.
A balsa, propriedade da Companhia Elétrica de Hong Kong, transportava funcionários e seus parentes desde a ilha de Lamma ao porto Victoria. O diretor de operações da balsa explicou que a embarcação tinha capacidade para 200 passageiros e levava a equipe de salvamento pertinente.
Já o rebocador, que retornava à ilha de Lamma, pertence à empresa Hong Kong & Kowloon Ferry.
Trata-se da tragédia marítima mais grave ocorrida nas últimas quatro décadas em Hong Kong, um dos portos com tráfego mais intenso do mundo (por ele navegam diariamente centenas de embarcações, entre eles navios de mercadorias, rebocadores com passageiros, navios pesqueiros e transatlânticos).
Não se registrava um acidente de tal gravidade desde 1971, quando o tufão "Rose" causou a morte de 88 passageiros e membros da tripulação que viajavam em uma embarcação que conectava Hong Kong com Macau.