Mundo

Peronismo completa 80 anos e alega ser alternativa 'soberana' a Milei

Em ato na Quinta 17 de Outubro, em Buenos Aires, líderes peronistas pedem “soberania política” e prometem barrar o programa ultraliberal antes das eleições legislativas de 26 de outubro

O presidente da Argentina, Javier Milei, alvo de críticas do peronismo em meio à campanha para as eleições legislativas

O presidente da Argentina, Javier Milei, alvo de críticas do peronismo em meio à campanha para as eleições legislativas

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 09h04.

No dia em que o movimento peronista completou 80 anos, nesta sexta-feira, alguns de seus dirigentes, como o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, se reuniram diante do mausoléu de Juan Domingo Perón para reafirmar que são a alternativa "soberana" ao presidente Javier Milei, a uma semana das eleições legislativas que vão marcar o rumo da Argentina e a relação com os Estados Unidos.

A Quinta 17 de Outubro, uma extensa propriedade localizada na cidade de San Vicente, na província de Buenos Aires e a cerca de 70 quilômetros da capital argentina, foi o cenário escolhido nesta sexta-feira para relembrar que em um dia como hoje, mas em 1945, centenas de milhares de pessoas trabalhadoras exigiram nas ruas a soltura de Perón, então secretário de Trabalho e que havia sido preso.

Aquela data, quando a pressão popular conseguiu a libertação do líder populista, passou para a história como o dia em que foi fundado o peronismo, um movimento político muito presente na história argentina, com forte influência na América Latina e conhecido no mundo.

Na propriedade, onde Perón e sua primeira esposa, Eva Duarte, tiveram sua residência de descanso, jazem os restos mortais do general deposto em 1955, há 70 anos, por um golpe de Estado.

Kicillof foi o protagonista do que terminou sendo um ato de campanha, onde traçou vínculos entre o momento atual e aquele 17 de outubro de 1945.

Para o peronismo, conhecido também como justicialismo, então e agora há uma desmedida ingerência dos Estados Unidos na vida política e econômica argentina.

Cercado por centenas de dirigentes sociais, ocupantes de cargos do governo provincial, sindicalistas e simpatizantes que chegaram de diversas partes de Buenos Aires, o governador ressaltou a importância de recuperar a "soberania política", um dos princípios estabelecidos por Perón durante seu primeiro período como presidente (1946-1955).

"Perón disse que a opção era fácil, libertação ou dependência. Era Perón ou era Braden", em referência a Spruille Braden, então embaixador americano na Argentina.

O peronismo chegou a este 17 de outubro em plena campanha para as legislativas nacionais de 26 de outubro, que renovarão a metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, e para este movimento o tema de campanha é "frear Milei".

Os peronistas querem interromper, a todo custo, o programa de ajuste fiscal do governo ultraliberal, que freou drasticamente a atividade econômica, gerou desemprego e pesou para os salários ficarem muito defasados em relação à inflação acumulada nos últimos anos.

A isso se soma a recente visita de Milei ao presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, onde o americano condicionou a ajuda financeira prometida por seu governo a que o partido A Liberdade Avança (LLA), do mandatário argentino, vença as eleições legislativas argentinas.

Jorge Taiana, ex-chanceler (2005-2010) durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner, assim como candidato do peronismo nas eleições de 26 de outubro, também comparou a situação de 1945 com a atual.

"O peronismo surgiu em um momento de grande convulsão no mundo. A Argentina estava em decadência, havia fraude, era uma década infame, de entrega da soberania", disse

Para Taiana, o peronismo "tem a capacidade de enfrentar grandes mudanças e grandes crises".

"E vai construir uma proposta que superará a decadência que vivemos com o governo de Milei, que a única solução que encontra é se entregar e se transformar em vassalo dos Estados Unidos", afirmou.

Juan Manuel Abal Medina, que foi chefe de Gabinete de Cristina Kirchner e cujo pai foi assessor de Perón, definiu a gestão de Milei como um "projeto colonial" controlado pelos Estados Unidos e alegou que "se o povo argentino tem algo de dignidade, é por causa do peronismo".

Nesta sexta-feira, quase todas as correntes peronistas se reuniram em San Vicente, inclusive as que estão em conflito entre si, para se alinhar em um objetivo comum: derrotar Milei e seu partido em 26 de outubro.

Acompanhe tudo sobre:Buenos AiresJavier Milei

Mais de Mundo

Netanyahu diz que segunda fase de cessar-fogo em Gaza começará em breve

Benim frustra golpe de Estado após militares anunciarem queda do presidente

Eleições em Honduras seguem indefinidas com liderança de candidato apoiado por Trump

Kremlin vê alinhamento na política externa de Donald Trump