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Paul Ryan é a voz sem complexos do conservadorismo fiscal

Trata-se de um político jovem, mas experiente em Washington e defensor ferrenho da contra-reforma do sistema sanitário


	Mitt Romney e Paul Ryan conversam:  Ryan era o segundo político mais jovem no Capitólio em 1999
 (Saul Loeb/AFP)

Mitt Romney e Paul Ryan conversam:  Ryan era o segundo político mais jovem no Capitólio em 1999 (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2012 às 20h43.

Tampa (EUA) - O congressista Paul Ryan, de 42 anos, se transformará nesta semana no candidato republicano à vice-presidência dos Estados Unidos.

Trata-se de um político jovem, mas experiente em Washington e defensor ferrenho da contra-reforma do sistema sanitário e de reduzir o déficit, mas sem tocar na verba de Defesa.

Em 1999, aos 28 anos, quando ganhou pela primeira vez sua cadeira no Congresso por seu estado natal de Wisconsin, Ryan era o segundo político mais jovem no Capitólio.

Não levou mais de cinco anos para se transformar na voz pelos cortes de impostos e de uma política econômica com mais peso do setor privado, apesar de que, naquela época, a ''guerra contra o terrorismo'' era o foco de sua agenda.

Em 2004, o quase desconhecido Ryan discursou na Convenção Republicana de Nova York para expor suas ideias econômicas que já falavam de desviar parte das contribuições da previdência a fundos privados.

Ryan, órfão de pai desde os 16 anos, tem uma filha e dois filhos com sua esposa Janna, uma advogada de família liberal que trabalhou em Washington para a empresa de consultoria Pricewaterhousecoopers.

O candidato a vice-presidente e presidente do Comitê Orçamentário da Câmara dos Representantes sempre fez questão de exibir uma imagem modelo de político conservador.


Desde que chegou ao Congresso decidiu viver em sua cidade natal de Wisconsin, Janesville, em vez de mudar-se para Washington como a maioria. Ali, rodeado pelos seus, lapidou uma imagem de pai de família, fanático pela caça e frequentador assíduo de academias.

Na arena política não perdeu tempo e provocou tanto aplausos como críticas com suas ideias econômicas ultraconservadoras, alinhadas com as propostas dos simpatizantes do movimento Tea Party.

Ryan tomou nos últimos anos as rédeas da política orçamentária republicana, que prevê fortes cortes em programas sociais, educação, infraestruturas e desemprego e propõe transferir poder federal aos estados para reduzir o déficit.

A única verba intocável no orçamento - ou, como chama Ryan, ''o caminho para a prosperidade''- seria a da Defesa.

Seu objetivo é reduzir o déficit do atual 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) para 3% em 2015 e acabar progressivamente com a avultada dívida pública.

Ryan é uma aposta arriscada para Romney, em grande parte por sua tentativa de abordar temas delicados como a reforma do Medicare, o programa sanitário para maiores de 65 anos e incapacitados que beneficia 49 milhões de americanos.

Os US$ 549 bilhões que esse programa custou ao Estado em 2010 levaram Ryan a colocar em debate o tema da reforma, logo após ser apresentado em Norfolk (Virgínia) por Romney como seu candidato a vice na corrida presidencial, em um evento cheio de simbologia patriótica no dia 11 de agosto.

O plano é privatizar parcialmente o Medicare até 2022, acabar totalmente com a reforma da saúde de Obama e transferir parte do custo da seguridade social ao setor privado, algo que não agrada muitos dos eleitores mais velhos.


Os democratas tacham Ryan de ''radical'' e de ser um político que quer acabar com o sistema social americano como existe na atualidade.

Alguns analistas apontam que Ryan é inexperiente, embora sua inesperada chegada ao primeiro plano da política americana já tenha permitido que Wisconsin, seu estado de origem, tenha deixado de inclinar-se a favor de Obama nas enquetes para o pleito de novembro.

Ryan se transformou em parte importante do núcleo mais conservador dos republicanos e trabalhou intensamente em promover novas gerações de políticos mais à direita que sem dúvida lhe receberão nesta Convenção Republicana na qual adotará seu novo papel de ''número dois'' de Romney.

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