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Partido de Mandela tenta formar coalizão na África do Sul após perder maioria absoluta

Congresso Nacional Africano (CNA) registrou seu pior resultado eleitoral em 30 anos de domínio político

África do Sul: partido de Mandela teve apenas 40,2% dos votos nas eleições legislativas (Umberto BACCHI, Dave CLARK /AFP Photo)

África do Sul: partido de Mandela teve apenas 40,2% dos votos nas eleições legislativas (Umberto BACCHI, Dave CLARK /AFP Photo)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 2 de junho de 2024 às 10h09.

O Congresso Nacional Africano (CNA), partido governista da África do Sul, disse neste domingo que entraria em negociações com outros partidos para formar um novo governo depois de perder sua maioria absoluta no Parlamento pela primeira vez em 30 anos de domínio político.

Com 99,91% dos votos contados, o ANC, liderado pelo atual presidente Cyril Ramaphosa, obteve apenas 40,2% dos votos nas eleições legislativas de quarta-feira, uma queda significativa em relação aos 57,5% de 2019.

É o pior resultado para o partido que chegou ao poder em 1994 sob o comando do icônico líder da luta contra a segregação racial do apartheid, Nelson Mandela, e que tem governado com maioria absoluta desde então.

— O ANC está empenhado em formar um governo que reflita a vontade do povo, que seja estável e capaz de governar de forma eficaz — declarou o secretário-geral do partido, Fikile Mbalula, em uma entrevista coletiva.

O partido deve negociar um governo de coalizão ou, pelo menos, convencer outros partidos a apoiar a reeleição de Ramaphosa no Parlamento para permitir que ele forme um governo de minoria. Segundo Mbabula, as discussões seriam realizadas internamente e com outros grupos “nos próximos dias”.

Os resultados finais serão anunciados oficialmente no domingo.

Aproximações improváveis

A Aliança Democrática (DA), cuja agenda neoliberal está em desacordo com as tradições de esquerda do ANC, ficou em segundo lugar com 21,78% dos votos. Helen Zille, membro do comitê de direção do partido, disse que todas as opções estavam na mesa, inclusive permitir que o ANC governasse sozinho, em minoria.

Em seguida, com 14,59%, está o partido Umkhonto We Sizwe (MK), criado há apenas seis meses pelo ex-líder do ANC e ex-presidente Jacob Zuma, que foi a grande surpresa dessas eleições. Em quarto lugar aparece o partido de esquerda radical Fighters for Economic Freedom (EFF), de Julius Malema, ex-militante do ANC, com 9,51%.

Alguns observadores sugeriram que, como ex-membros do ANC, Malema e Zuma seriam parceiros naturais da coalizão governista. No entanto, outros analistas acreditam que suas demandas seriam difíceis de atender e também não veem uma aproximação fácil entre Ramaphosa e Zuma, que teve que renunciar em 2018 devido a alegações de corrupção.

O partido MK disse que não negociará com o ANC enquanto Ramaphosa for seu líder.

— Nenhum partido político nos imporá tais condições — respondeu Mbalula.

O ANC mantém a lealdade de muitos eleitores devido ao seu papel de liderança na derrubada do regime de segregação. No entanto, algumas altas autoridades do partido foram envolvidas em escândalos de corrupção enquanto a economia mais industrializada do continente definhava e os números da criminalidade e do desemprego atingiam níveis recordes nos últimos anos.

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