Paraguai pede aumento do preço da energia paga pelo Brasil
Em entrevista à "Folha de S. Paulo", chanceler diz que "será um melhor negócio usar a energia [excedente] em nosso território do que continuar vendendo ao Brasil"
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 12h18.
Rio de Janeiro - O Paraguai pretende consumir uma porcentagem maior da energia gerada na hidroelétrica binacional Itaipu e quer que o Brasil pague mais pelo excedente de eletricidade que lhe é fornecido, anunciou o chanceler paraguaio, José Félix Fernández, em entrevista publicada nesta sexta-feira na "Folha de S. Paulo".
"Aqui há um preço que não é o mesmo para o resto do mundo. Será um melhor negócio usar essa energia em nosso território do que continuar vendendo (ao Brasil)", afirmou o ministro.
Fernández esclareceu que as declarações do presidente do Paraguai, Federico Franco, de que o Paraguai não está disposto a continuar "cedendo" energia ao Brasil foram mal interpretadas, já que o que o Paraguai quer é aproveitar essa eletricidade em seu território e que os brasileiros paguem mais pelo excedente.
"O que o presidente defende é que o Paraguai tenha que, gradualmente, ir usando essa energia. Até o momento, o Paraguai continuará vendendo ao Brasil parte da energia que lhe corresponde e da qual é proprietário", acrescentou Fernández.
Segundo o ministro, a elevação do consumo da energia de Itaipu, hidroelétrica compartilhada pelos dois países, é a melhor ferramenta que o Paraguai tem para sua industrialização.
Brasil e Paraguai têm direito cada um a 50% da eletricidade gerada por Itaipu, e, segundo o acordo entre ambos países, a energia que um dos dois não aproveite tem que ser vendida ao outro sócio.
Como o Paraguai satisfaz sua demanda com apenas 10% da eletricidade, o resto acaba no Brasil, que desde o ano passado paga por essa energia cerca de US$ 360 milhões anuais. O preço foi triplicado em 2011, após longas negociações lideradas pelo então presidente Fernando Lugo.
Fernández assegurou que quando o líder paraguaio se refere à energia "cedida" ao Brasil não quer dizer que seja dada, mas vendida por um preço muito inferior ao do mercado.
"Estamos prontos para continuar as negociações sobre o preço. Esperamos uma reunião do Conselho de Itaipu, que foi adiada em duas oportunidades a pedido do Brasil", afirmou.
O chanceler garantiu que o Paraguai já transmitiu ao Brasil o preço que considera justo pela energia excedente que vende e acrescentou que espera que o assunto seja resolvido nas negociações.
Segundo Fernández, as relações entre os dois países "continuam normais" apesar da decisão do Brasil de convocar seu embaixador para consulta após a recente destituição de Lugo.
Acrescentou que a reivindicação de um preço maior pela energia que vende ao Brasil não é uma represália pela suspensão do Paraguai do Mercosul nem pela admissão da Venezuela ao bloco.
"Não estamos de acordo com as medidas adotadas em Mendoza e em Brasília. Não estamos de acordo com o ingresso da Venezuela. Mas não misturamos isso com Itaipu", comentou.
"Temos que solucionar os problemas do Mercosul e também os pontos de vista sobre o preço e o uso da energia de Itaipu. São duas coisas que não caminham juntas", concluiu.
Rio de Janeiro - O Paraguai pretende consumir uma porcentagem maior da energia gerada na hidroelétrica binacional Itaipu e quer que o Brasil pague mais pelo excedente de eletricidade que lhe é fornecido, anunciou o chanceler paraguaio, José Félix Fernández, em entrevista publicada nesta sexta-feira na "Folha de S. Paulo".
"Aqui há um preço que não é o mesmo para o resto do mundo. Será um melhor negócio usar essa energia em nosso território do que continuar vendendo (ao Brasil)", afirmou o ministro.
Fernández esclareceu que as declarações do presidente do Paraguai, Federico Franco, de que o Paraguai não está disposto a continuar "cedendo" energia ao Brasil foram mal interpretadas, já que o que o Paraguai quer é aproveitar essa eletricidade em seu território e que os brasileiros paguem mais pelo excedente.
"O que o presidente defende é que o Paraguai tenha que, gradualmente, ir usando essa energia. Até o momento, o Paraguai continuará vendendo ao Brasil parte da energia que lhe corresponde e da qual é proprietário", acrescentou Fernández.
Segundo o ministro, a elevação do consumo da energia de Itaipu, hidroelétrica compartilhada pelos dois países, é a melhor ferramenta que o Paraguai tem para sua industrialização.
Brasil e Paraguai têm direito cada um a 50% da eletricidade gerada por Itaipu, e, segundo o acordo entre ambos países, a energia que um dos dois não aproveite tem que ser vendida ao outro sócio.
Como o Paraguai satisfaz sua demanda com apenas 10% da eletricidade, o resto acaba no Brasil, que desde o ano passado paga por essa energia cerca de US$ 360 milhões anuais. O preço foi triplicado em 2011, após longas negociações lideradas pelo então presidente Fernando Lugo.
Fernández assegurou que quando o líder paraguaio se refere à energia "cedida" ao Brasil não quer dizer que seja dada, mas vendida por um preço muito inferior ao do mercado.
"Estamos prontos para continuar as negociações sobre o preço. Esperamos uma reunião do Conselho de Itaipu, que foi adiada em duas oportunidades a pedido do Brasil", afirmou.
O chanceler garantiu que o Paraguai já transmitiu ao Brasil o preço que considera justo pela energia excedente que vende e acrescentou que espera que o assunto seja resolvido nas negociações.
Segundo Fernández, as relações entre os dois países "continuam normais" apesar da decisão do Brasil de convocar seu embaixador para consulta após a recente destituição de Lugo.
Acrescentou que a reivindicação de um preço maior pela energia que vende ao Brasil não é uma represália pela suspensão do Paraguai do Mercosul nem pela admissão da Venezuela ao bloco.
"Não estamos de acordo com as medidas adotadas em Mendoza e em Brasília. Não estamos de acordo com o ingresso da Venezuela. Mas não misturamos isso com Itaipu", comentou.
"Temos que solucionar os problemas do Mercosul e também os pontos de vista sobre o preço e o uso da energia de Itaipu. São duas coisas que não caminham juntas", concluiu.